Um Réquiem Para Antonio
De Nanda Rovere Arte Essência da Vida; Arte e Reflexão

O texto inédito de Dib Carneiro Neto é inspirado na lendária inveja de Antônio Salieri por Wolfgang Amadeus Mozart. A direção é de Gabriel Villela. No elenco estão: Elias Andreato (no papel de Salieri) e Claudio Fontana (Mozart), Nábia Vilela e Mariana Elisabetsky. O pianista Fernando Esteves executa a trilha. A estreia acontece dia 17 de janeiro, sexta-feira, no Teatro Tucarena.
A ideia de levar para os palcos a história dos compositores foi do ator Elias Andreato, que sugeriu o tema para Dib Carneiro Neto. O objetivo do ator era a criação de um texto que possibilitasse o seu reencontro com o amigo Claudio Fontana. Amigos de longa data, já trabalharam juntos no teatro diversas vezes.
O compositor italiano Antonio Salieri é menos conhecido do que Mozart, mas teve uma carreira produtiva na música clássica do século XIX. Foi professor de compositores famosos como Ludwig Van Beethoven, Carl Czerny e Franz Liszt, além do filho de Mozart.
Na trama, Salieri está no leito de morte, delira e começa a acertar as contas com Mozart, de quem sentia inveja e, segundo a lenda, sempre tentou prejudicar as criações no período em que conviveram na Áustria.
A encenação de Gabriel Villela usa a linguagem circense para destacar o lado mítico da inveja. Um pequeno picadeiro florido recebe o embate entre os dois compositores.
Como fonte de pesquisa o diretor usou o livro de Elias Norbert, “Mozart - sociologia de um gênio”, que traz uma profunda análise sobre o artista e sobre o seu talento para criar obras-primas ao mesmo tempo em que apresentava um comportamento debochado e ações infantis.
Vale ressaltar que o título da peça é baseado na composição Requiem, a missa fúnebre de Mozart, de 1791.
A relação invejosa entre os artistas ficou mundialmente conhecida através da peça de teatro de Peter Shaffer, adaptada para o cinema como Amadeus, de 1984, ganhador de Oscar e com ampla divulgação na mídia.
Na montagem de Villela. Salieri é sombrio, confuso e frágil, enquanto Mozart é gozador, confiante e ágil. Características presentes nos figurinos elaborados por Villela e José Rosa, que chamam a atenção pela beleza, assim como os adereços, confeccionados pelo artista plástico Shicó do Mamulengo, do Rio Grande do Norte.
A trilha tem papel fundamental e tem função dramatúrgica na medida em que conduz as suas neuroses e lembranças.
As músicas são interpretadas pelas atrizes e cantoras Nábia Villela e Mariana Elisabetsky, que também vivem personagens que passaram pela vida dos compositores. São 5 as composições de Mozart escolhidas para entrar peça: Sinfonia em Sol Menor, Marcha Turca, Rainha da Noite (ária da ópera Flauta Mágica) e Lacrimosa (ária do seu último réquiem).
As fotos que já foram publicadas na mídia em geral, de divulgação, dão uma ideia do quanto os figurinos são belos e adequados ao universo circense e poético da montagem. Além disso, trecho do texto publicados na Folha de São Paulo
, revelam que o autor traz em sua criação muita poesia e encanta pela maneira que descreve os sentimentos de Salieri. Uma obra que traz muitos subsídios para Gabriel Villela colocar mais uma vez em prática a sua criatividade para transformar as peças teatrais em ¨magias cênicas¨.
O processo de escrita do texto:
Por Dib Carneiro Neto
”A relação entre Mozart e Salieri é bastante rica e intrigante, a ponto de ter atingido o estágio mítico. Extrapolou a realidade e virou prato cheio para a ficção. A genialidade de Mozart chegou ao ponto máximo em muito pouco tempo, pois ele morreu jovem. Salieri, por sua vez, também era muito conhecido e respeitado em seu tempo – e, ainda assim, segundo diz o mito ou reza a lenda, ele perseguia com obsessão a fama do outro. Sendo assim, fui misturando o que li e vi durante minha fase de pesquisa, principalmente: as peças teatrais de Pushkin e de Peter Shaffer, o filme de Milos Forman, as biografias de Harold Schonberg e Peter Gay e as cartas de Leopold (pai de Mozart). O resultado é este ‘Um Réquiem para Antonio’, que defino como um ‘sonho-delírio-desconcerto’ de Antonio Salieri, à beira da morte.”
O autor afirma que foi muito prazeroso escrever sabendo que seria para Elias e Claudio atuarem. “Os dois, na vida, têm uma relação muito próxima de amizade e uma dinâmica de interação baseada em muita brincadeira, algo que eu chamaria de um ‘bullying' afetivo. Isso me inspirou no desenvolvimento da dinâmica também entre os personagens, ou seja, Mozart tratando Salieri do mesmo jeito que Claudio trata Elias: com um humor inteligente, com um carinho e uma admiração disfarçados de muita provocação. E Elias respondendo a isso como um Salieri rabugento, irritadiço, impaciente.“
Primeira parceria entre Elias e Villela
Sobre este trabalho o ator comenta: “Tenho um prazer imenso em estar aqui. Eu e Cláudio temos um encontro de muito tempo, tenho muita admiração por ele, além de uma amizade de muitos anos. E o Gabriel mostra um lado poético que me proporciona um entendimento maior sobre o meu ofício, o nosso ofício. Ele propõe novos caminhos, o que para mim, com 35 anos de carreira, é maravilhoso. Ele vem e diz - abre mais um pouco, vai por outro caminho -, e eu vou. Nunca me vi tão disponível como agora”.
Villela completa, “O Elias é um ator raro, quando chego para o ensaio, por exemplo, ele já está presente e trocando informações sobre a direção artística do espetáculo com os profissionais do nosso ateliê, que fica dentro da sala de ensaio, é um ator que se aprofunda em todas as camadas do espetáculo, da manufatura do figurino até a hora da cena.”
Claudio Fontana acrescenta: “O Gabriel propõe uma rica linguagem metafórica para os atores, trabalhar desta forma é um desafio constante”.
Ficha técnica:
Texto: Dib Carneiro Neto. Direção: Gabriel Villela. Elenco: Elias Andreato, Claudio Fontana, Nábia Vilela e Mariana Elizabetsky. Figurino: Gabriel Villela e José Rosa. Cenário: Márcio Vinícius. Adereços: Shicó do Mamulengo. Iluminação: Wagner Freire. Preparação vocal: Babaya. Espacialização vocal e antropologia da voz: Francesca Della Mônica. Direção musical e arranjos: Miguel Briamonte. Pianista: Fernando Esteves. Assistência de direção: Ivan Andrade e Daniel Mazzarolo. Produção executiva: Clíssia Morais e Francisco Marques. Direção de produção: Claudio Fontana.
Serviço:
UM RÉQUIEM PARA ANTONIO, de Dib Carneiro Neto. Tragicomédia. Após ter vivido atormentado por estar sempre à sombra de Mozart, o invejoso Antonio Salieri reencontra seu rival para um acerto de contas a respeito do lendário envenenamento do prodigioso compositor. Com Elias Andreato e Claudio Fontana. Direção: Gabriel Villela. Duração 70min. Teatro Tucarena. Sex e Sáb 22h, Dom 19h. R$ 40 (sex), R$ 50 (sáb e dom). Classificação 14 anos. Estreia 17/01. Vendas online - www.ingressorapido.com.br
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