Livro traz fotos e depoimentos do diretor e de seus parceiros de trabalho, contando detalhes dos mais de 40 espetáculos encenados ao longo de sua trajetória
A obra de um dos grandes diretores brasileiros é tema do livro das Edições Sesc São Paulo, Imaginai! O teatro de Gabriel Villela, organizado pelo jornalista e dramaturgo Dib Carneiro Neto e pelo professor de teatro e ator Rodrigo Audi. O livro traça a trajetória do diretor, cenógrafo e figurinista mineiro, um dos mais profícuos e respeitados no cenário contemporâneo. Após os lançamentos durante o FIT – Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto, em julho do ano passado, e no Sesc Consolação, em setembro do mesmo ano, os organizadores participam de bate-papo com o diretor no Festival de Teatro de Curitiba, dia 30 de março, às 17h, no Teatro Sesc da Esquina.
A obra traz registros fotográficos de todos os seus espetáculos – tanto teatrais como shows e óperas –, apresentados em depoimentos do próprio diretor sobre memórias e referências a bastidores, detalhes da montagem, relação com os atores, processo criativo e parcerias afetuosas com Ruth Escobar, Laura Cardoso, Sábato Magaldi e J.C. Serroni, entre outros. Unem-se a esses materiais artigos de críticos como Macksen Luiz e Luiz Carlos Merten e de parceiros de trabalho, como a atriz Walderez de Barros e o diretor Eduardo Moreira, do Grupo Galpão. Nestes textos são abordados diferentes aspectos de seu trabalho, como a criação de cenários e figurinos, os métodos de preparação de elenco e a relação de sua obra com o universo circense. Além do conteúdo textual, o livro traz registros de fotógrafos de peso, como Lenise Pinheiro, Gal Oppido, Vânia Toledo e João Caldas.
“A explosão visual do teatro de Gabriel Villela está na refração da luz de velas dos altares ou na ribalta dos dramas das arenas de circo, nas alegorias de uma religiosidade que reverbera trevas medievais ou em palhaços que subvertem a sisudez do clássico sem roubar-lhe a alma.”
Macksen Luiz
Gabriel Villela tem como característica forte a mistura entre uma formação erudita e a ligação com sua terra, Carmo do Rio Claro, em Minas Gerais – aonde sempre volta em busca de inspiração.
Sua extensa produção, iniciada profissionalmente na década de 1980, vem colecionando críticas positivas e prêmios (dentre eles, dez Prêmios Shell e nove APCAs), com espetáculos exuberantes, que derivam de textos de autores clássicos como Shakespeare, Schiller e Beckett, mas também de um mundo mais prosaico e particular, no qual se revela sua mineiridade. A intensidade barroca e a inspiração do circo são características marcantes de seu teatro, retratado pela primeira vez de forma completa numa publicação.
Sua peça de estreia, Você vai ver o que você vai ver (1989), já chamou a atenção de críticos da envergadura de Alberto Guzik. No ano seguinte, dirigiu a grande atriz Ruth Escobar em Relações perigosas. Daí em diante, alcançou outros marcos históricos, como a apresentação, junto com o Grupo Galpão, de Romeu e Julieta no Globe Theatre – foi a primeira vez que um grupo brasileiro se apresentou nos palcos do lendário teatro londrino. A propósito, essa montagem foi a única a constar em um ranking feito pela exigente Bárbara Heliodora, considerada a maior crítica brasileira em Shakespeare. Outras encenações do autor inglês merecem destaque, como Sua incelença Ricardo III (2010), Macbeth (2012) e A tempestade (2015/2016).
“Gabriel cultiva o circo, como Fellini cultivava os palhaços, e ama o melodrama, como Luchino Visconti. Tudo se mistura no imaginário de Gabriel Villela, a alta cultura tanto quanto a cultura popular.”
Luiz Carlos Merten
No repertório musical de suas peças, cabe o cancioneiro popular brasileiro, a música de câmara, as modas de viola, o rock and roll, a música iugoslava; tudo isso embalando Shakespeare, Calderón de La Barca, Samuel Beckett, João Cabral de Melo Neto, Arthur Azevedo, Chico Buarque. Do compositor e autor brasileiro, Villela encenou diversas montagens, como A ópera do malandro, Os saltimbancos e Gota d’água. Entre os grandes nomes da MPB que dirigiu, estão Maria Bethânia, Milton Nascimento, Elba Ramalho e Ivete Sangalo.
O olhar intimista dos organizadores do livro, Dib Carneiro Neto e Rodrigo Audi, que trabalharam com Gabriel em diversas ocasiões, se lançou ao desafio de reunir extenso material para dar conta de mostrar ao leitor a história, que ainda está sendo contada, de um dos grandes encenadores brasileiros.
“Desde o começo de sua carreira, Gabriel Villela tem se apresentado nos palcos do Sesc e, ao espetáculo Vem buscar-me que ainda sou teu, que estreou em 1990 no Teatro Sesc Anchieta, se seguiram vários outros. Pois agora também agregamos este Imaginai! à nossa empreitada editorial. Com esta publicação, mais uma vez reafirmamos nosso compromisso com a valorização do teatro brasileiro”.
Danilo Santos de Miranda
FICHA TÉCNICA:
Imaginai! O teatro de Gabriel Villela
Organização: Dib Carneiro Neto e Rodrigo Audi
Edições Sesc São Paulo
ISBN: 978-85-9493-013-2
Páginas: 340 p.
Formato: 23 x 23 cm
Preço: R$ 110,00
Serviço
Bate-papo sobre o livro Imaginai! O teatro de Gabriel Villela
Bate-papo com os organizadores Dib Carneiro Neto e Rodrigo Audi e o diretor de teatro, Gabriel Villela
Data: 30 de março de 2018, às 17h
Local: Teatro Sesc da Esquina
Endereço: Rua Visconde do Rio Branco, 969 – Curitiba – PR
As publicações das Edições Sesc São Paulo podem ser adquiridas em todas as unidades Sesc SP (capital e interior), nas principais livrarias e também pelo portal www.sescsp.org.br/livraria
SOBRE OS ORGANIZADORES
Dib Carneiro Neto é jornalista formado pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. Foi editor-chefe do Caderno 2 do jornal O Estado de S. Paulo e é um dos mais ativos críticos brasileiros de teatro infantojuvenil. Como dramaturgo, ganhou em 2008 o Prêmio Shell de melhor autor por Salmo 91. Também já teve encenadas as peças Adivinhe quem vem para rezar, Depois daquela viagem, Crônica da casa assassinada, Um réquiem para Antonio e Pulsões. É autor dos livros A hortelã e a folha de uva, Pecinha é a vovozinha, Já somos grandes e Dia de ganhar presente.
Rodrigo Audi é arquiteto e urbanista pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo. Integrou o CPT em São Paulo, coordenado por Antunes Filho, exercendo as funções de professor e coordenador do curso de introdução ao método do ator e coordenador do Núcleo de Dramaturgia, além de atuar nos espetáculos A pedra do reino e Senhora dos afogados. Foi assistente de direção de Gabriel Villela em Macbeth, repetindo a parceria como ator em A tempestade. A partir de 2015, tornou-se docente do Célia Helena Centro de Artes e Educação.
SOBRE AS EDIÇÕES SESC SÃO PAULO
Segmento editorial do Sesc, as Edições Sesc São Paulo têm o intuito de expandir o campo de ação da instituição, atendendo a um público cada vez mais amplo. Seu catálogo abrange diversas áreas do conhecimento, com ênfase em artes e ciências humanas, tendo a programação artístico-cultural e educativa do Sesc como uma das principais fontes de conteúdos da editora. Além dos títulos impressos, a editora já iniciou a digitalização de seu acervo. O objetivo é ter, em breve, todo o catálogo em e-books.
*com divulgação
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