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quinta-feira, 20 de março de 2014
Villela dá tom onírico a disputa entre músicos
Gabriel Villela, diretor de Um Réquiem para Antônio
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14/03/2014 | 00:21 Luciana Romagnolli, especial para a Gazeta do Povo
Três perguntas para o diretor Gabriel Villela sobre Um Réquiem para Antônio, a história de um suposto acerto de contas entre Mozart (1756-1791) e Antônio Salieri (1750-1825).
http://www.jornaldelondrina.com.br/cultura/conteudo.phtml?tl=1&id=1453944&tit=Villela-da-tom-onirico-a-disputa-entre-musicos-
É mais comum vermos reverências a artistas como Mozart e Salieri, seu lado sublime. Você opta por retratá-los pelo viés do grotesco. Por quê?
A abertura de Macbeth, de Shakespeare, fala: “o feio é belo e o belo é feio”. Essa inversão é um princípio para se chegar ao sublime. A peça do (dramaturgo) Dib Carneiro tem um conteúdo grotesco forte e implícito na sexualidade de Mozart, descarrilada, e na de Salieri, enrustido. O jeito de abordar sexualmente as mulheres e usar a escatologia por prazer está muito presente em cena. Um retrato humanista posto sob as lentes do circo-teatro, do picadeiro e da estética felliniana, em que o realismo é só uma luzinha no fundo. Achei que esse caminho seria mais revelador: visitar o inferno e o purgatório para depois libertá-los no pensamento de quem assistiu ao espetáculo.
Além de Mozart e Salieri, você usa músicas de Tom Jobim e “I Dreamed a Dream”, do musical Os Miseráveis. O que elas acrescentam à encenação?
Foi justamente para alastrar o conceito de música erudita e popular, contrastando as duas de uma forma artística. Isso acaba gerando dialética e reflexão em cima dos contrastes. A gente buscou dentro do popular a liberdade do nonsense do circo-teatro, o surrealismo do picadeiro, e lançou mão de canções que fazem parte desse acervo, abrasileirando o tema. Num segundo momento, também fizemos referência aos musicais da Broadway.
O dramaturgo Dib Carneiro deu um caráter de sonho à disputa entre Salieri e Mozart, como forma de desviar da discussão sobre a veracidade da inveja que haveria entre eles. Os Gigantes da Montanha, espetáculo que você dirige com o Grupo Galpão, também tem uma atmosfera onírica. Há aproximações entre as montagens?
Isso vem mais do meu desejo ou encanto por obras que traduzem o universo dos sonhos, da poesia e do onírico. Estou mais para Dom Quixote do que propriamente para textos de relacionamentos pessoais mais realistas. Não tenho mesmo é talento para lidar com eles. Vou bem onde o sonho gera o baque. A poesia nasce do baque. Onde há uma interrupção da realidade e a alucinação aparece. São duas obras míticas, tanto Gigantes quanto Réquiem.
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