terça-feira, 21 de maio de 2013

21/05/2013 - Grupo Galpão estreia espetáculo com direção de Gabriel Villela O Grupo Galpão estreia no dia 30 de maio, quinta-feira, o espetáculo “Os Gigantes da Montanha”, do autor italiano Luigi Pirandello. A 21ª montagem da companhia celebra o retorno da parceria com Gabriel Villela, que assina também a direção de espetáculos marcantes do grupo, como “Romeu e Julieta” (1992) e “A Rua da Amargura” (1994). A temporada de estreia em Belo Horizonte acontece na Praça do Papa, de 30 de maio a 2 de junho, quinta a sábado, às 20h, e domingo, às 19h. Depois segue para o Parque Ecológico da Pampulha, nos dias 8 e 9 de junho, sábado e domingo, às 18h. O acesso é gratuito. Classificação indicativa: livre. Após a montagem de dois espetáculos com textos do Tchékhov e adaptações de contos do autor russo para o cinema, o coletivo balzaquiano se propõe a uma nova ousadia: levar para a rua o verso erudito de Pirandello. Autor conhecido por seus questionamentos com relação ao fazer teatral e aos elementos da carpintaria cênica, conduzir Pirandello para fora dos limites do palco italiano se traduz em mais um instigante desafio para o Galpão. Peça “Os Gigantes da Montanha” Quando morreu vítima de forte pneumonia, em 1936, Pirandello ainda não havia concluído “Os Gigantes da Montanha”, que possui apenas dois atos. Em leito de morte, o autor relatou ao filho Stefano um possível final, que aparece indicado como sugestão para o terceiro ato. Para o Galpão, o fascínio de montar essa fábula está em sua incompletude, que lhe atribui característica de obra aberta, possibilitando multíplas leituras e interpretações. O texto “Os Gigantes da Montanha” foi uma escolha do diretor Gabriel Villela para celebrar o reencontro com o Galpão. A fábula narra a chegada de uma companhia teatral decadente a uma vila isolada do mundo, cheia de encantos, governada pelo mago Cotrone. A trupe de mambembes encontra-se em profundo declínio e miséria, por obsessão de sua primeira atriz, a condessa Ilse, em montar "A Fábula do filho trocado" (peça escrita por um jovem poeta que se matou por amor não correspondido da condessa). Cotrone, o mago criador de "verdades que a consciência rejeita", começa a construir os fantasmas dos personagens que faltam para a companhia montar a peça. Ele convida os atores a permanecerem para sempre na Vila, representando apenas para si mesmos a “A Fábula do Filho Trocado”. Ilse, no entanto, insiste que a obra deve viver entre os homens, sendo representada para o público. A solução encontrada, que resultará no desfecho trágico da peça é sua apresentação para os chamados "Os Gigantes da Montanha", povo que vive próximo da Vila. Os gigantes, por terem um espírito fabril e empreendedor, "desenvolveram muito os músculos e se tornaram um tanto bestiais", e, portanto, não valorizam a poesia e a arte. O ato final da peça, que ficou inconcluso, mas que chegou a ser vislumbrado pelo autor em leito de morte, descreve a cena em que Ilse e a poesia são trucidadas pelos embrutecidos Gigantes. A peça termina com os atores da companhia carregando o corpo da atriz na mesma carroça em que chegaram à primeira cena. “Os Gigantes da Montanha” traz uma contundente discussão sobre o possível lugar da arte e da poesia num mundo dominado pelo pragmatismo e pela técnica. A morte de Ilse representa a morte e também o renascimento da arte. Como a Fênix que ressurge das cinzas: a velha arte precisa morrer para que novas sensibilidades artísticas brotem e floresçam. Pirandello Nasceu em Agrigento (Sicília), em 1867. Pirandello considerava a atividade teatral menos importante em sua condição essencial de poeta (Mal Jucundo), romancista (O Falecido Matias Pascal, A Excluída, O Turno) e contista (364 escritos). Mas foi como teatrólogo, curiosamente, que Pirandello ganhou êxito. Das peças mais conhecidas estão “Henrique IV” e “Seis Personagens à Procura de Um Autor”, que abordam a natureza da loucura e da identidade. Em 1934, o escritor ganhou o Prêmio Nobel de Literatura, por sua audaz renovação e questionamentos sobre a arte cênica e dramática. Com pinceladas de realidade à ficção, Pirandello explorava, em sua obra, a tradição elisabetana da “peça dentro da peça” e temas referentes aos bastidores da maquinaria cênica. Em 1936, o autor morre vítima de uma forte pneumonia. Música Gabriel Villela e o Galpão experimentam a música, ao vivo, tocada e cantada pelos atores, como um elemento fundamental na tradução do universo da fábula para o teatro popular de rua. Para compor o repertório da peça foram selecionadas algumas árias e canções italianas, popular e moderna. “Ciao Amore”, “Bella Ciao” e outras músicas ganham novos arranjos e coloridos para ambientar a atmosfera onírica de “Os Gigantes da Montanha”. Para chegar a esse resultado, durante meses, os atores passaram por treinamento musical com parceiros antigos, como Babaya e Ernani Maletta, e por uma pesquisa sobre a antropologia da voz, com a performer e musicista, Francesca Dell Monica, que trabalha a partir da técnica de espacialização vocal. Cenário e Figurino A ponte Brasil – Minas - Itália é costurada pelas mãos antropofágicas de Gabriel Villela e seus assistentes de direção, Ivan Andrade e Marcelo Cordeiro, que misturam referências diversas. Num mesmo caldeirão estão reunidas Sicília, Carmo do Rio Claro, macumba, magia, Commedia Del’Arte e circo- teatro, Vaudeville, Totó e Vicente Celestino, Ana Magnani e Procópio Ferreira, Mamulengo e ópera, festival de San Remo e seresta mineira. "Os Gigantes da Montanha" convida o público para um mergulho teatral que funde e sintetiza o brasileiro com o universal, o erudito com o popular, a tradição com a vanguarda. Um desafio à altura da trajetória de 30 anos de buscas e desafios do Galpão. Toda essa alquimia fica claramente representada nos figurinos e no cenário do espetáculo. Construído por madeira feita de demolição, o cenário de “Os Gigantes da Montanha” traz 12 mesas robustas, objetos, armários e cadeiras que se movimentam para elevar a encenação e caracterizar a atmosfera de sonho da fábula. Coloridos e brilhantes, concebidos especialmente para apresentações à noite, os adereços e figurinos do espetáculo carregam detalhes e referências do teatro popular, que surgem das ideias inventivas de Villela e das mãos criativas de seu parceiro antigo, José Rosa. Os bordados da costureira Giovanna Vilela realçam e dão toque especial ao acabamento das peças. Tecidos trazidos da Ásia, do Peru e de outros cantos do Brasil, pelo diretor, adornam as roupas. Velhas sombrinhas bordadas de “Romeu e Julieta” reaparecem e ganham nova função em “Os Gigantes da Montanha”, com efeitos que tornam a Vila de Cotrone, fantasmagórica e cheia de encantamentos. Gabriel e sua equipe também se utilizam de máscaras inspiradas na Commedia Del’Arte e fabricadas pelo artista natalense Shicó do Mamulengo, para trazer à encenação um aspecto burlesco e, ao mesmo tempo, sombrio. Galpão e Petrobras Há mais de 10 anos, o Grupo Galpão conta com o patrocínio da Petrobras. Foram muitos espetáculos montados, temporadas nacionais, turnês por todas as regiões do Brasil e presença em festivais proporcionados por essa parceria. Maior empresa brasileira e maior patrocinadora das artes e da cultura no país, a Petrobras sempre apostou no compromisso do Galpão: reinventar a vida através da arte, possibilitando ao maior número de pessoas a vivência do teatro como alegria e transformação. http://www.bheventos.com.br/noticias/5614/Grupo-Galpao-estreia-espetaculo-com-direcao-de-Gabriel-Villela.html
21/05/2013 13h03 - Atualizado em 21/05/2013 13h03 Com entrada franca, Galpão estreia 'Os gigantes da montanha' em BH Segundo diretor Gabriel Villela, popularizar texto de Pirandello foi desafio. Peça será encenada em praça, de 30/5 a 2/6, e em parque, dias 8 e 9/6. Alex Araújo Do G1 MG Tweet Grupo Galpão na montagem 'Os gigantes da montanha', de Luigi Pirandello (Foto: Guto Muniz / Divulgação) Popularizar o texto do italiano Luigi Pirandello em uma obra que todos entendam. Foi desta forma que o diretor Gabriel Villela descreveu o desafio de dirigir o espetáculo “Os gigantes da montanha”, que o Grupo Galpão estreia no próximo dia 30, em Belo Horizonte. “Não há uma linguagem linear porque há avanços do realismo e do naturalismo. É o surrealismo lírico. É um texto cujo tema é a vitória da arte e da poesia sobre a morte”, definiu. A fábula conta a chegada de uma companhia teatral decadente a uma vila mágica, povoada por fantasmas e governada pelo mago Cotrone. A peça é uma alegoria sobre o valor do teatro, da poesia e da arte e a capacidade de comunicação com o mundo moderno, cada vez mais pragmático e empenhado nos afazeres materiais. O ator Eduardo Moreira, que interpreta Cotrone, destacou a parceria do Galpão com Villela e relembrou que o grupo já trabalhou com o diretor em “Romeu e Julieta” (1992) e “A rua da amargura” (1994). “Essa parceria é extremamente importante para o Galpão”. Moreira destacou que o espetáculo é o 21º em mais de 30 anos de existência do grupo. “A gente se perguntou o tempo todo como o texto chegaria ao público, mas há elementos intensos como a música que toca além do intelecto”. A atriz Inês Peixoto, que faz a condessa Ilse, disse que o espetáculo faz referências à cultura mineira como os casarões e os móveis feitos em madeira. "Ao mesmo tempo, que tem o peso da madeira há a leveza das sombrinhas. Inês também destacou que o texto de Pirandello é mais atual do que nunca porque mostra a correria e a modernidade que permeiam o dia a dia. "A gente encena como se estivesse dentro de um circo. Há uma teatralidade exarcebada. A gente mergulha no teatro". Com relação à personagem, ela disse que foi um presente dado por Villela. Musicalidade Villela e o Galpão experimentam a música, ao vivo, tocada e cantada pelos atores, como um elemento fundamental na tradução do universo da fábula para o teatro popular de rua. Para compor o repertório da peça foram selecionadas algumas árias e canções italianas, popular e moderna. “Ciao amore”, “Bella ciao” e outras músicas ganham novos arranjos e coloridos para ambientar a atmosfera onírica do espetáculo. Para chegar a esse resultado, durante meses, os atores passaram por treinamento musical com parceiros antigos, como Babaya e Ernani Maletta, e por uma pesquisa sobre a antropologia da voz, com a performer e musicista, Francesca Dell Monica, que trabalha a partir da técnica de espacialização vocal. A temporada de estreia em Belo Horizonte será na Praça do Papa, de 30 de maio a 2 de junho, quinta-feira a sábado, às 20h, e domingo, às 19h. Depois segue para o Parque Ecológico da Pampulha, nos dias 8 e 9 de junho, sábado e domingo, às 18h. O acesso é gratuito e a classificação é livre. Mais informações no site do Grupo Galpão. Atriz Inês Peixoto interpreta a protagonista condessa Ilse em 'Os gigantes da montanha' (Foto: Guto Muniz / Divulgação) ‘Os gigantes da montanha’ Quando morreu vítima de forte pneumonia, em 1936, Pirandello ainda não havia concluído “Os gigantes da montanha”, que possui apenas dois atos. Em leito de morte, o autor relatou ao filho Stefano um possível final, que aparece indicado como sugestão para o terceiro ato. Para o Galpão, o fascínio de montar a fábula está em sua incompletude, que lhe atribui característica de obra aberta, possibilitando múltiplas leituras e interpretações. O texto foi uma escolha de Villela para celebrar o reencontro com o Galpão. A fábula narra a chegada de uma companhia teatral decadente a uma vila isolada do mundo, cheia de encantos, governada pelo mago Cotrone. A trupe de mambembes encontra-se em profundo declínio e miséria, por obsessão de sua primeira atriz, a condessa Ilse, em montar "A fábula do filho trocado" (peça escrita por um jovem poeta que se matou por amor não correspondido da condessa). Cotrone, o mago criador de "verdades que a consciência rejeita", começa a construir os fantasmas dos personagens que faltam para a companhia montar a peça. Ele convida os atores a permanecerem para sempre na vila, representando apenas para si mesmos a “A fábula do filho trocado”. Ilse, no entanto, insiste que a obra deve viver entre os homens, sendo representada para o público. A solução encontrada, que resultará no desfecho trágico da peça é sua apresentação para os chamados "Os gigantes da montanha", povo que vive próximo da vila. Os gigantes, por terem um espírito fabril e empreendedor, "desenvolveram muito os músculos e se tornaram um tanto bestiais", e, portanto, não valorizam a poesia e a arte. O ato final da peça, que ficou inconcluso, mas que chegou a ser vislumbrado pelo autor em leito de morte, descreve a cena em que Ilse e a poesia são trucidadas pelos embrutecidos Gigantes. A peça termina com os atores da companhia carregando o corpo da atriz na mesma carroça em que chegaram à primeira cena. “Os Gigantes da Montanha” traz uma contundente discussão sobre o possível lugar da arte e da poesia num mundo dominado pelo pragmatismo e pela técnica. A morte de Ilse representa a morte e também o renascimento da arte. Como a Fênix que ressurge das cinzas: a velha arte precisa morrer para que novas sensibilidades artísticas brotem e floresçam. Ator Eduardo Moreira interpreta o mago Cotrone (Foto: Guto Muniz / Divulgação) Pirandello Luigi Pirandello nasceu em Agrigento (Sicília), em 1867. Ele considerava a atividade teatral menos importante em sua condição essencial de poeta (Mal Jucundo), romancista (O Falecido Matias Pascal, A Excluída, O Turno) e contista (364 escritos). Mas foi como teatrólogo, curiosamente, que Pirandello ganhou êxito. Das peças mais conhecidas estão “Henrique IV” e “Seis personagens à procura de um autor”, que abordam a natureza da loucura e da identidade. Em 1934, o escritor ganhou o Prêmio Nobel de Literatura, por sua audaz renovação e questionamentos sobre a arte cênica e dramática. Com pinceladas de realidade à ficção, Pirandello explorava, a tradição elisabetana da “peça dentro da peça” e temas referentes aos bastidores da maquinaria cênica. Em 1936, o autor morreu vítima de pneumonia. Villela e o Galpão experimentam a música, ao vivo, tocada e cantada pelos atores, como um elemento fundamental na tradução do universo da fábula para o teatro popular de rua. Para compor o repertório da peça foram selecionadas algumas árias e canções italianas, popular e moderna. “Ciao amore”, “Bella ciao” e outras músicas ganham novos arranjos e coloridos para ambientar a atmosfera onírica de espetáculo. Para chegar ao resultado, durante meses, os atores passaram por treinamento musical com parceiros antigos, como Babaya e Ernani Maletta, e por uma pesquisa sobre a antropologia da voz, com a performer e musicista, Francesca Dell Monica, que trabalha a partir da técnica de espacialização vocal. Atores encenam espetáculo de Pirandello (Foto: Guto Muniz / Divulgação) Cenário e figurino A ponte Brasil-Minas-Itália é costurada pelas mãos de Villela e dos assistentes de direção, Ivan Andrade e Marcelo Cordeiro, que misturam referências diversas. Em um mesmo caldeirão estão reunidas Sicília, Carmo do Rio Claro, macumba, magia, Commedia Del’Arte e circo-teatro, Vaudeville, Totó e Vicente Celestino, Ana Magnani e Procópio Ferreira, Mamulengo e ópera, festival de San Remo e seresta mineira. "Os gigantes da montanha" convida o público para um mergulho teatral que funde e sintetiza o brasileiro com o universal, o erudito com o popular, a tradição com a vanguarda. Um desafio à altura da trajetória de 30 anos de buscas e desafios do Galpão. Essa alquimia fica claramente representada nos figurinos e no cenário do espetáculo. Construído por madeira feita de demolição, o cenário traz 12 mesas robustas, objetos, armários e cadeiras que se movimentam para elevar a encenação e caracterizar a atmosfera de sonho da fábula. Coloridos e brilhantes, concebidos especialmente para apresentações à noite, os adereços e figurinos do espetáculo carregam detalhes e referências do teatro popular, que surgem das ideias inventivas de Villela e das mãos criativas de seu parceiro antigo, José Rosa. Os bordados da costureira Giovanna Vilela realçam e dão toque especial ao acabamento das peças. Tecidos trazidos da Ásia, do Peru e de outros cantos do Brasil, pelo diretor, adornam as roupas. Velhas sombrinhas bordadas de “Romeu e Julieta” reaparecem e ganham nova função na peça, com efeitos que tornam a Vila de Cotrone, fantasmagórica e cheia de encantamentos. Villela e equipe também se utilizam de máscaras inspiradas na Commedia Del’Arte e fabricadas pelo artista natalense Shicó do Mamulengo, para trazer à encenação um aspecto burlesco e, ao mesmo tempo, sombrio. Ficha técnica Elenco Antonio Edson - Cromo Arildo de Barros - Conde Beto Franco - Duccio Doccia / Anjo 101 Eduardo Moreira - Cotrone Inês Peixoto - Condessa Ilse Júlio Maciel – Spizzi / Soldado Luiz Rocha (ator convidado) - Quaquèo Lydia Del Picchia - Mara-Mara Paulo André - Batalha Regina Souza (atriz convidada) – Diamante / Madalena Simone Ordones - A Sgriccia Teuda Bara - Sonâmbula Equipe de criação Direção: Gabriel Villela Texto: Luigi Pirandello Tradução: Beti Rabetti Dramaturgia: Eduardo Moreira e Gabriel Villela Assistência de direção: Ivan Andrade e Marcelo Cordeiro Preparação vocal e texto: Babaya Iluminação: Chico Pelúcio e Wladimir Medeiros Figurino: Gabriel Villela, Shicó do Mamulengo e José Rosa Cenografia: Gabriel Villela, Helvécio Izabel e Amanda Gomes http://g1.globo.com/minas-gerais/noticia/2013/05/com-entrada-franca-galpao-estreia-os-gigantes-da-montanha-em-bh.html
17/05/2013 - 03h43 Grupo Galpão leva Luigi Pirandello para praça de BH LUCIANA ROMAGNOLLI COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE BELO HORIZONTE Finda a viagem realista guiada por textos do russo Anton Tchékhov (1860-1904), geradora de seus dois últimos espetáculos, o Grupo Galpão retorna à rua e à linguagem popular barroca do diretor Gabriel Villela para a primeira montagem inédita juntos em duas décadas, desde o afastamento após "A Rua da Amargura" (1994). Grupo e diretor mineiros preparam "Os Gigantes da Montanha", de Luigi Pirandello (1867-1936). O espetáculo deve estrear até o início de junho em Belo Horizonte. Em São Paulo, deve ser apresentado no segundo semestre. Qualquer impressão de que a peça leva o grupo à zona de conforto, contudo, se dilui diante da complexidade do texto derradeiro do Nobel italiano. "As fábulas do Pirandello não são fáceis de serem digeridas num espaço hostil como o do teatro de rua", diz Villela. Guto Muniz/Divulgação Cena da montagem "Os Gigantes da Montanha", baseada no texto de Luigi Pirandello, que deve estrear no próximo mês Escrita para exorcizar uma experiência malsucedida do autor com sua companhia Teatro d'Arte, mas interrompida por causa da morte de Pirandello, a peça traça em tons surreais o encontro de uma companhia destruída pela falta de público e pelas dívidas com um grupo de dissidentes sociais que aboliu a distinção entre real e ficção. "Como um dos homens mais importantes do século 20, Pirandello acompanha a saturação da arte e se questiona sobre qual a possibilidade de o teatro existir no mundo hoje", diz Eduardo Moreira, que interpreta Cotrane, líder dos que largaram o mundo material em busca da quimera da representação. Referências à cultura popular italiana conferem ao espetáculo a comunicação direta com o público que a prosa poética de Pirandello inibe, mas o Galpão almeja. MÁSCARAS Villela se serve da tradição das máscaras faciais do dramaturgo italiano Carlo Goldoni (1707-1793), construindo expressões assombrosas nos rostos de atores como Inês Peixoto, estrela da companhia destinada à tragédia. "Fizemos exercícios radicais para chegarmos a caras e bocas que não vemos no teatro hoje, porque uma escola russa realista e o cinema americano impuseram outro tipo de comportamento. Ativamos músculos que começam no pescoço e vão por toda face", diz o diretor. Entre as tradições populares italianas que aquecem a encenação do grupo há ainda solos musicais inspirados no romantismo do Festival de Sanremo, como "La Vita Mia", "Io Che Amo Solo Te" e outros temas do cancioneiro daquele país. "Os Gigantes da Montanha" será encenado na praça do Papa, ao pé da Serra do Curral, em Belo Horizonte. Um local simbólico por ter recebido 15 mil espectadores no fim de semana de reestreia do espetáculo "Romeu e Julieta", também do Grupo Galpão, em 2012. E também simbólico pela visão panorâmica da cidade, tal qual a montanha aludida no título do espetáculo. http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/05/1279727-grupo-galpao-leva-luigi-pirandello-para-praca-de-bh.shtml NOVO ESPETÁCULO Trupe fará "Os Gigantes da Montanha" A retomada da parceria entre o diretor Gabriel Villela e o Galpão não se encerra na reestreia de "Romeu e Julieta". O diretor também assinará "Os Gigantes da Montanha", texto de Luigi Pirandello (1867-1936) que dará origem à nova montagem do grupo. O espetáculo marca os 30 anos de atividade do coletivo mineiro e tem previsão de estreia para o primeiro semestre de 2013. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada/29951-trupe-fara-quotos-gigantes-da-montanhaquot.shtml ROTINA DE GIGANTE Nanda Rovere avisa em sua pagina na rede social: “O Grupo Galpão segue com uma rotina pesada de ensaios para a montagem do texto “Os Gigantes da Montanha”, de Luigi Pirandello. Desde meados de fevereiro, o diretor Gabriel Villela voltou a BH para continuar os ensaios. O Galpão dedica seis horas de trabalho diário ao treinamento vocal, aprimoramento das músicas e repetição de cenas. A equipe técnica também trabalha a todo vapor na confecção dos figurinos, adereços e do cenário”. Por falar nisso, a irmã de Gabriel, Giovanna Vilela (Diô) integra a equipe de figurino. http://www.clicfolha.com.br/noticia/20554/top-de-linha---carmo-do-rio-claro

quarta-feira, 17 de abril de 2013

As cores do mundo Novo espetáculo do Grupo Galpão, Os gigantes da montanha traz de volta a parceria com o diretor Gabriel Villela. Concepção visual é um dos destaques da montagem Carolina Braga Publicação: 17/04/2013 04:00 "Estado de Minas" Para criar máscaras, sombrinhas e adereços, o diretor utilizou materiais que vieram de Mianmar, do Peru e de várias localidades brasileiras (Maria Tereza Correia/EM/D.A Press) Para criar máscaras, sombrinhas e adereços, o diretor utilizou materiais que vieram de Mianmar, do Peru e de várias localidades brasileiras om sotaque nordestino bem carregado, enquanto acerta calmamente detalhes da máscara de argila, o artesão e ator Shicó do Mamulengo solta a brincadeira. “Se um espetáculo de Gabriel não tiver sombrinha é porque ele está mais doido”, diz. Entre risadas, todos que estão dentro do ateliê montado na sede do Grupo Galpão, no Bairro Horto, reconhecem: o diretor Gabriel Villela tem mesmo uma queda pelos guardas-chuva e mais uma vez eles darão toque especial ao palco da companhia mineira. Com estreia prevista ainda para o primeiro semestre, caminham em ritmo avançado os ensaios de Os gigantes da montanha, o próximo espetáculo de rua do grupo. A obra do italiano Luigi Pirandello marca o reencontro da trupe com o diretor, depois de um longuíssimo intervalo. Responsável pela concepção de montagens como Romeu e Julieta (1992) e A Rua da Amargura (1994), Gabriel tem estilo de criação bastante particular. Se já era assim lá no começo, quando pó de parede era utilizado para envelhecer figurinos, agora o método volta aprimorado. E, claro, as sombrinhas continuam firmes e fortes. “Ela é repetição de um motivo. Para mim, é símbolo de uma unidade que não se transgride na vida: a minha relação com o circo na infância. O circo-teatro me deu uma formação popular”, conta. Os gigantes da montanha foi escolhido a partir de cinco textos. “Nosso trato era voltar para a rua. É a opção mais difícil, por causa da transposição para águas populares de um rio muito formoso e erudito chamado Pirandello”, reconhece Gabriel. Sendo autor ainda com fortes ligações acadêmicas, um dos primeiros desafios era revelar – ou descobrir – os elementos populares inseridos na obra do dramaturgo. Afinal, trata-se do Grupo Galpão e de Gabriel Villela, e erudição não é a melhor definição para a parceria de longa data. O processo envolveu um mergulho não só do diretor, mas também de todos os atores no trabalho de concepção daquilo que iria compor a cena. Para Paulo André, integrante do grupo, a experiência com o diretor é uma viagem. “É surpresa atrás de surpresa. O Gabriel é genial. Tem os surtos criativos dele. Parece que recebe alguma coisa, aí o bicho pega. Transforma tudo. Incrível”, elogia. Desde dezembro a sede do grupo em Belo Horizonte acomoda o ateliê do diretor, de onde sai praticamente tudo que será visto na peça. Por enquanto, é como se não houvesse uma separação entre palco e oficina. Como o trabalho é contínuo, vale tudo na hora de criar. Ao falar sobre a concepção de Os gigantes da montanha, Gabriel Villela se lembra de Tia Olímpia, personalidade que caminhava pelas ruas de Ouro Preto e agregava a história na própria veste. “Eram aditivos do mundo inteiro para compor uma única grande roupa”, lembra. A partir dessa referência, pouco a pouco a carga intelectual de Pirandello foi se dissipando. Do ateliê itinerante de Gabriel saem a cada dia combinações curiosas na costura dessa grande colcha de retalhos – e referências – que será o espetáculo. “Ateliê é multiuso. O que veio para cá foi um conjunto de materiais para servir à fábula. Isso é dramaturgia. Não pode ser visto como ornamento”, frisa. Tecidos importados de Myanmar, antiga Birmânia, país fronteiriço com a Índia, bordados feitos à mão por índias de Cuzco, no Peru, se misturam a rendas usadas para fabricação de lingerie, máscaras elaboradas com argila e fibra de bananeira, flores de papel crepom, tapeçaria, e por aí vai. Liturgia Vestir um personagem, para Villela, é quase uma liturgia. “O Galpão veste uma roupa para celebrar um mito, não para desfilar uma moda fashion”, diferencia. “O figurino do Gabriel é dramaturgia. Como ele trabalha muito em cima dos arquétipos, as roupas são carregadas de significados. Dizem muita coisa do personagem, ao mesmo tempo em que esconde, revela, provoca mistérios”, analisa Paulo André. A referência circense não aparece somente nas sombrinhas ou nos pompons muito usados nas roupas de palhaço. No caso de Os gigantes da montanha, também estará explícita no palco a ser carregado pelo Brasil inteiro. A cenografia, composta por 12 robustas mesas, bem ao estilo mineiro, além de significar a relação que o brasileiro e o italiano têm com o espaço nobre da cozinha, também reproduz um picadeiro onde a fábula se passará. “Traz uma arquitetura de circo-teatro cujo centro é o palquinho, com picadeiro e dois camarins laterais”, explica. Nos elementos de cena, bonecos elaborados pela Oficina de Agosto de Bichinho, distrito de Prados, e até heranças reais, como é o caso de uma cama usada pelo próprio diretor ainda criança, na fazenda da família, em Carmo do Rio Claro. “É preciso lembrar que isso aqui não é cenário e figurino somente. É concepção, e ela envolve todos os gêneros artísticos. Por mais que você tenha que traduzir em nomenclatura – que ora se chama cenografia, ora figurino –, na verdade é só uma parte estrutural das artes cênicas, que prevê como resultado o homem, a palavra e o ator”, sintetiza Gabriel Villela. Liberdade para criar Todos os dias o serviço no ateliê começa bem antes da chegada dos atores. Trabalham diretamente nele Shicó do Mamulengo, pinçado por Gabriel Villela em Açu, no interior do Rio Grande do Norte, que cuida dos adereços envolvendo argila e couro; e o ator e assistente de figurino José Rosa, baiano de Caculé, que se dedica aos bordados e acabamentos com Giovanna Villela, irmã e parceira do diretor em todas montagens que ele faz. A regra naquele espaço é não desperdiçar absolutamente nada. “A gente transforma o lixo em luxo”, brinca Shicó. “Existe um pensamento, ideias que são dialogadas com os atores e que o tempo inteiro são decodificadas pelo ateliê, a fim de criar algo que possa se transformar naquilo que a gente chama de segunda pele do ator”, detalha Gabriel. Pelas contas de Rosa, até agora já foram elaborados cerca de 30 peças de figurino e não há nada simples. Como se trata de um espaço de criação, as ideias são livres para ganhar vida. “Ele é exigente, no bom sentido, quer as coisas benfeitas. E dá espaço para gente criar um pouco, fazer propostas e mostrar para ele”, conta José Rosa sobre a relação com Gabriel Villela. Ainda que não estejam em cena, Shicó e Rosa recebem o texto, devem estudá-lo e apresentar propostas de acordo com a estética sugerida pelo diretor. Para a criação das máscaras, por exemplo, Shicó partiu das referências da commedia dell'arte e teve liberdade para ousar. “É o meu burlesco. Vou na loucura e, então, mostro para o Gabriel”, conta. http://impresso.em.com.br/cadernos/cultura/

terça-feira, 5 de março de 2013

Revista 'Expedição Cultural - Galpão

Revista 'Expedição Cultural Edição reúne reportagens sobre a trajetória de 10 grupos de teatro de vários estados do país Obrigada Nícia pelo envio dos arquivos