19 Jan: Malvino Salvador Encarna Bicheiro Boca De Ouro, Com Direção De Gabriel Villela, Sesc Ginastico

Sesc Rio apresenta
“Boca de Ouro”, de Nelson Rodrigues
direção de Gabriel Villela
estreia dia 19 de janeiro no Teatro Sesc Ginástico
Malvino Salvador vive o lendário bicheiro carioca, ao lado de Mel Lisboa, Claudio Fontana, Lavínia Pannunzio, Chico Carvalho, Leonardo Ventura, Cacá Toledo, Mariana Elisabetsky, Jonatan Harold e Guilherme Bueno.
Um cordão típico das gafieiras mais tradicionais do país abre a versão de Villela para a tragédia carioca de Nelson Rodrigues (1912-1980), escrita em 1959. Usando confetes, serpentinas e máscaras, o diretor, responsável também pela cenografia e figurinos, cria uma encenação com aura de carnaval, embalada por 14 grandes sucessos que vão de Dalva de Oliveira, Herivelto Martins, Ary Barroso, Ataulfo Alves, Lupicínio Rodrigues a João Bosco, entre outros.
ESTREIA: dia 19 de janeiro (6ªf), às 20h (horário válido somente na estreia)
LOCAL: Teatro SESC Ginástico – Av. Graça Aranha, 187 – Centro / RJ Tel: (21) 2279-4027
HORÁRIOS: 6ª e sab às 19h; dom às 18h / INGRESSOS: R$30, R$15 (meia) e R$7,50 (associados SESC) / DURAÇÃO: 110 min / GÊNERO: tragicomédia / CAPACIDADE: 513 lugares / CLASSIFICAÇÃO: 14 anos / HORÁRIO FUNCIONAMENTO DA BILHETERIA: de 3ª a dom, das 13h às 20h / TEMPORADA: até 25 de fevereiro (com parada no período de carnaval, entre os dias 9 e 18 de fevereiro)
Boca de Ouro é um lendário bicheiro carioca, figura temida e megalomaníaca, que tem esse apelido porque trocou todos os dentes por uma dentadura de ouro. Também é conhecido como o Drácula de Madureira. Quando Boca é assassinado, seu passado é vasculhado por um repórter. Sua fonte é dona Guigui, ex-amante do contraventor, mulher que, ao longo da peça, revela diferentes e contraditórias versões do bicheiro.
Este é o mote da tragédia carioca “Boca de Ouro”, cujo papel-título é vivido por Malvino Salvador, na montagem de Gabriel Villela que chega ao Rio depois de quatro meses de sucesso no Teatro Tucarena, em São Paulo. Estão ainda no elenco Mel Lisboa e Claudio Fontana, como o casal Celeste e Leleco; Lavínia Pannunzio, que vive a transtornada Guigui, ao lado de Leonardo Ventura, que dá vida a seu fiel e apaixonado marido Agenor. Chico Carvalho é Caveirinha, o rodriguiano repórter que carrega em si o olhar afiado e crítico Nelson Rodrigues, jornalista que durante anos trabalhou em redações e conheceu ele próprio os vícios e contradições da imprensa. Cacá Toledo e Guilherme Bueno completam o elenco junto a Jonatan Harold, ao piano, e Mariana Elisabetsky, interpretando as 14 canções do espetáculo.
Esta é o terceiro texto de Nelson Rodrigues encenado por Gabriel Villela. Em 1994 montou A Falecida, com Maria Padilha no papel título, e em 2009 Vestido de Noiva, protagonizado por Leandra Leal, Marcello Antony e Vera Zimmerman.
Malvino Salvador fala de sua experiência na pele do bicheiro de Madureira e da expectativa com a temporada carioca: “Essa peça foi muito importante na minha carreira pelo aprendizado que eu adquiri, por ter dividido o palco com grandes atores, por conhecer o universo do Gabriel Villela, que é um dos nossos maiores diretores, que tem uma personalidade vibrante, impressa nas suas montagens. (…) Para mim está sendo muito importante trazer Boca de Ouro aqui para o Rio que, a gente sabe, é uma das principais praças do Brasil, e onde se criou o universo rodriguiano. Depois de uma temporada de sucesso em SP, tanto de público quanto de crítica, a peça tem o potencial de chegar aqui de uma maneira muito bonita, é isso que eu espero.”
SINOPSE
Boca de Ouro (Malvino Salvador) é um lendário bicheiro carioca, figura temida e megalomaníaca, que tem esse apelido porque trocou todos os dentes por uma dentadura de ouro. Quando Boca é assassinado, seu passado é vasculhado pelo repórter Caveirinha (Chico Carvalho), que vai até a casa da ex-amante Guigui (Lavínia Pannunzio). Lá, ouve a versão da ex-amante, que desanca o bicheiro. Ao saber de seu assassinato, Guigui se arrepende e exalta Boca como uma figura amorosa. Já no terceiro ato, Guigui volta a desancar o bicheiro, pois teme ser abandonada pelo marido Agenor (Leonardo Ventura). Nas três versões relatadas, surge o casal Celeste (Mel Lisboa) e Leleco (Claudio Fontana), que tem relação direta com o assassinato de Boca de Ouro.
UMA TRAMA ATUAL
As diferentes versões de Guigui para a morte de Boca de Ouro levaram Gabriel Viellela a fazer conexões com uma pesquisa recente da universidade de Harvard, sobre um fenômeno contemporâneo chamado “pós-verdade”. Villela explica: “É um produto da modernidade tecnológica: você inventa uma história, realinha ideias, publica, arruma vários seguidores e isso se amplia, viraliza na internet e ninguém mais sabe sobre o que se está falando. Somos todos vítimas disso. (…) A Guigui é insuperável – com três expedientes emocionais e psíquicos, ela conta três vezes a mesma história, embaralhando com maestria para que tudo seja incrivelmente verdadeiro”.
A MONTAGEM
A ambientação idealizada por Gabriel Villela remete a uma gafieira, com mesas e cadeiras, revezando-se entre uma redação de jornal e as casas dos personagens.
Dentro das iconografias do subúrbio carioca, Gabriel se utiliza da simbologia do Candomblé e das mascaradas astecas no espetáculo. A casa de Celeste e Leleco traz muitas representações de Orixás sincretizados. A figura de Iansã (Guilherme Bueno) aparece toda vez que uma cena de morte acontece – ela faz a contrarregragem das mortes.
O Brasil retratado na cena: a política, as narrativas contraditórias, a libido, a festa da gafieira, o jogo do bicho, a fé e a música. Retratos de uma época que nos mostram que o Brasil pouco mudou, e que o dramaturgo nascido em Pernambuco em 1912 e radicado no Rio de Janeiro, nunca foi tão atual.
Além da direção, Gabriel Villela assina os figurinos e a cenografia. A iluminação é de Wagner Freire, a direção musical e preparação vocal são assinadas por Babaya e a espacialização e antropologia da voz por Francesca Della Monica. Os diretores assistentes Ivan Andrade e Daniel Mazzarolo completam a equipe criativa.
AS MÚSICAS
Cidade Maravilhosa (Andre Filho)
Vingança (Lupicínio Rodrigues)
Ave Maria do Morro (Herivelto Martins)
Lencinho Branco (Dalva de Oliveira)
A Noite do Meu Bem (Dolores Duran)
Na Cadência do Samba (Ataulfo Alves)
Ne Me Quittes Pas (Jacques Brel)
Última Estrofe (Orlando Silva)
Eu Dei (Ary Barroso)
O Ouro e A Madeira (Ederaldo Gentil)
Hino ao Amor (Edith Piaf / M. Monnot)
Não Deixe o Samba Morrer (Edson Conceição e Aloísio Silva)
Bang Bang – My Baby Shot Me Down (Sonny Bono)
De Frente Pro Crime (João Bosco)
A CRÍTICA
“(Villela) Coloca no palco do Tucarena não só um carrossel de referências visuais, de imagens que remetem sequencialmente para todo lado, mas as integra com riqueza de significados ao texto rodriguiano – e às atuações, elas também com abundância de registros, inspirada no autor. São grandes atuações, a começar do personagem-título, que na caracterização de Malvino Salvador, dirigido por Villela, se mostra alternadamente frágil como uma criança, monstruoso e cinicamente inteligente. Já conhecido pela densidade que demonstrou em montagens cariocas, Salvador ganha agora ares de ator pleno, pronto para grandes papéis.” (Nelson de Sá, Folha de São Paulo)
“Há soluções cênicas dignas de nota, resultado da combinação entre engenho, objetos do cotidiano e uma apurada iluminação. O tamborilar de dedos na mesa reproduz à perfeição o som das máquinas de escrever, varas de bambu tomam o lugar de adagas japonesas e taças de vidro cumprem o papel de telefones. (…) Ainda que se trate de um traço recorrente na trajetória desse criador, a exuberância visual aqui alcança patamar distinto de seus trabalhos mais recentes. Em Boca de Ouro, a beleza de uma cena não se encerra em si; o apuro estético está a serviço do conjunto.” (Maria Eugenia de Menezes Estadão)
“Costumo escrever a matéria de um espetáculo um ou dois dias após a ele ter assistido, mas quando o deslumbramento é muito grande procuro dar um tempo, esperar a poeira baixar e então voltar a ele, com menor perigo de adjetivar demais. Já faz uma semana que assisti Boca de Ouro e ainda me sinto tocado pela beleza e perfeição da leitura de Gabriel Villela para o texto de Nelson Rodrigues.” (José Cetra, Palco Paulistano)
FICHA TÉCNICA
Texto: Nelson Rodrigues / Direção, Cenografia e Figurinos: Gabriel Villela / Elenco: Malvino Salvador (Boca de Ouro), Mel Lisboa (Celeste), Claudio Fontana (Leleco), Lavínia Pannunzio (Guigui), Leonardo Ventura (Agenor), Chico Carvalho (Caveirinha e Maria Luisa), Cacá Toledo, Guilherme Bueno, Mariana Elisabetsky, Jonatan Harold (ao piano) e Guilherme Bueno / Iluminação: Wagner Freire / Direção Musical e preparação Vocal: Babaya / Espacialização vocal e antropologia da voz: Francesca Della Monica / Diretores assistentes: Ivan Andrade e Daniel Mazzarolo / Foto: João Caldas / Produção executiva: Luiz Alex Tasso / Direção de produção: Claudio Fontana / Realização: SESC Rio / Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany
GABRIEL VILLELA – diretor
Gabriel Villela estudou Direção Teatral na USP. É diretor, cenógrafo e figurinista. Iniciou sua carreira profissional em 1989 com VOCÊ VAI VER O QUE VOCÊ VAI VER, de Raymond Queneau, e O CONCÍLIO DO AMOR, de Oscar Panizza. Desde então, recebeu 3 Prêmios Molière, 3 Prêmios Sharp, 12 Prêmios Shell, 10 Troféus Mambembe, 6 Troféus APCA, da reconhecida Associação Paulista de Críticos de Arte, 5 Prêmios APETESP, da Associação de Produtores de Espetáculos Teatrais de São Paulo, 2 Prêmios PANAMCO e 1 Prêmio Zilka Salaberry.
Encenou Camus (CALÍGULA), Heiner Muller (RELAÇÕES PERIGOSAS), Calderón de La Barca (A VIDA É SONHO), Schiller (MARY STUART), William Shakespeare (MACBETH, RICARDO III e ROMEU E JULIETA), Strindberg (O SONHO), e os dramaturgos brasileiros Nélson Rodrigues (A FALECIDA e VESTIDO DE NOIVA), Arthur Azevedo (O MAMBEMBE), João Cabral de Melo Neto (MORTE E VIDA SEVERINA), Carlos Alberto Soffredini (VEM BUSCAR-ME QUE AINDA SOU TEU), Dib Carneiro Neto (SALMO 91 e UM RÉQUIEM PARA ANTONIO) e Luís Alberto de Abreu (A GUERRA SANTA) e Alcides Nogueira (VENTANIA, A PONTE E A ÁGUA DE PISCINA). Dirigiu uma trilogia de musicais de Chico Buarque para o TBC: Ópera do Malandro, Os Saltimbancos e Gota D’Àgua. Dirigiu shows de artistas como Elba Ramalho, Maria Bethânia, Milton Nascimento e Ivete Sangalo, musicais, óperas, dança e especiais para TV. Foi Diretor Artístico do Teatro Glória/RJ (1997/99) e também do TBC Teatro Brasileiro de Comédia/SP (2000/01).
Tornou-se um dos mais renomados diretores teatrais com reconhecimento internacional, sendo convidado a participar de Festivais nos EUA, Europa e América Latina. Com o Grupo Galpão (ROMEU E JULIETA), Gabriel Villela foi convidado para uma temporada no Globe Theatre, em Londres, conquistando a crítica e o exigente público londrino. O espetáculo voltou a Londres em 2012 para participar da OLIMPÍADA CULTURAL, evento paralelo aos Jogos Olímpicos de 2012, em Londres.
http://dicadeteatro.com.br/19-jan-malvino-salvador-encarna-bicheiro-boca-de-ouro-com-direcao-de-gabriel-villela-sesc-ginastico/
Seus últimos trabalhos foram HOJE É DIA DE ROCK, de Zé Vicente e BOCA DE OURO, de Nelson Rodrigues (2017), RAINHAS DO ORINOCO, de Emilio Carballido, com Walderez de Barros e PEER GYNT, de Ibsen, com Mel Lisboa e Chico Carvalho, em 2016, A TEMPESTADE (2015) com Celso Frateschi, UM RÉQUIEM PARA ANTONIO (2014), com Elias Andreato e Claudio Fontana, OS GIGANTES DA MONTANHA (2013), de Pirandello, com o Grupo Galpão e MANIA DE EXPLICAÇÃO, com Luana Piovani. Em 2012, MACBETH, com Marcello Antony e Claudio Fontana. Também dirigiu VESTIDO DE NOIVA, de Nelson Rodrigues, com Leandra Leal e Marcello Antony (2009), CALÍGULA, de Albert Camus, com Thiago Lacerda (2008/09/10) O SOLDADINHO E A BAILARINA (2010), com Luana Piovani, SUA INCELENÇA RICARDO III com o Grupo Clowns de Shakespeare. Dirigiu também em 2011 CRÔNICA DA CASA ASSASSINADA, com Xuxa Lopes, adaptação do livro de Lucio Cardoso, que lhe rendeu o Prêmio SHELL de Melhor Figurinista e indicação a Melhor Direção e HÉCUBA, de Eurípides, com Walderez de Barros.
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