
terça-feira, 21 de agosto de 2012
Macbeth estará em cartaz em Vinhedo em setembro
Só com atores homens, é encenado com Marcello Antony no papel principal
09/08/2012 - 17h50 .
Portal RAC
http://www.rac.com.br/entretenimento/rac-recomenda/140240/2012/08/09/macbeth-estara-em-cartaz-em-vinhedo-em-setembro.html
Marcello Antony, o progragonista, em cena
(Foto: Divulgação)
Macbeth Vinhedo
Macbeth dirigido por Gabriel Villela, que está em cartaz em SP, será encenado nos dias 15 e 16 de setembro no Teatro de Vinhedo.
Para contar a tragédia da ambição de um homem que, devorado por sua natureza e instigado por sua impiedosa mulher, cede ao impulso assassino, o diretor o monta só com atores homens, como era feito na época de seu autor, Shakespeare.
No elenco, Marcello Antony, Claudio Fontana, Helio Cicero, Marco Antônio Pâmio, Carlos Morelli, José Rosa, Marco Furlan, Rogerio Brito.
A tradução de Marcos Daud, adaptada pelo diretor, é montada pela primeira vez. Daud encaminhou sua versão para Villela, que fez então cortes e adaptou o texto de 20 personagens para uma realidade de oito atores em cena. “Introduzi o narrador, personagem inspirado na renascença inglesa, para que ele possa, periodicamente, reconstruir a história perante a plateia, convocar os personagens, decompor a fábula na sua essência e desenvolver a história. Ele narra o universo trágico de Macbeth”, fala o diretor.
Voz
Na opinião de Villela, Macbeth é um espetáculo formal, sóbrio, contido, voltado para a experiência da voz e da palavra. Para isso, contou com a antropologia da voz da italiana Francesca Della Monica (pesquisadora de voz da Universidade de Firenze, que também trabalha em Pontedera, Itália), com a direção de texto de Babaya e com a musicalidade de cena de Ernani Maletta.
Os três juntos desenvolveram um trabalho técnico fundamental, cuidadoso, fazendo a preparação vocal e a interpretação de texto, passando pela redescoberta e finalidade da voz. Esse método está impresso na cena. “Na formação do elenco, trabalhamos uma extensão vocal bem grande para que não ficássemos com uma impostação monótona dos timbres masculinos. É um espetáculo feito para uma audiência camerística, de 290 lugares e um palco relativamente pequeno, preenchido pelo principal elemento: a voz épica dos atores”, detalha Gabriel.
A trilha sonora é composta, em sua maior parte, por silêncios. “Eu não queria música desta vez, por isso cuidei da trilha sonora, feita mais por sons como o rufar de asas, o bater de sinos, sons finos sugeridos por Shakespeare.” A única música é um ária da ópera “Dido e Enéas”, de Purcell, cantada à cappella por Francesca Della Monica, no instante da morte de Lady Macbeth. Gabriel destaca, ainda, o caráter épico e a eloquência shakesperiana, com direito a tons lúdicos em algumas cenas.
Figurino e cenário
A pré-produção do ateliê de criação começou dois meses antes do início dos ensaios. É marca registrada do diretor Gabriel Villela cuidar dessa área com antecedência. O figurino, assinado em parceira por Gabriel Villela e Shicó do Mamulengo (que veio do Rio Grande do Norte especialmente para o trabalho), foi confeccionado com 30 malas antigas de couro e papelão, compradas em brechós e antiquários.
Desmontadas, foram recortadas e transformadas em indumentárias de guerra, como coletes, armaduras e escudos. “Ao mesmo tempo em que criamos um figurino que remete à guerra, buscamos fazer uma brincadeira lúdica e artesanal em cima do conceito popular de transformar um objeto em outro, transformar uma mala em uma armadura de guerra”, explica Gabriel.
Para remeter à nobreza dos personagens foi utilizada uma mistura de pedras e metais. A complementação foi feita com saias de tapeçarias antigas trazidas por Gabriel de diversas partes do mundo. Gabriel optou por uma cartela de cores mais sombria: “Não se trata de uma tragédia em preto em branco, tem cores, mas é mais sinistra, mais soturna.”
O cenário, assinado por Márcio Vinícius, traz dois teares da cultura de tecelagem de manufatura de Minas Gerais (resultado da desconstrução de cinco teares), um sobre o outro, compondo um tótem cênico com cinco pilares, que preenche a cena.
Esses teares fazem parte da mitologia das três parcas gregas que fiam, tecem e cortam, simbolizando os três instantes do homem: nascimento, vida e morte. É um objeto único, vertical, forte, totênico e que assume a imagem do grande “mecanismo do mundo” (Jan Kot), diz o diretor.
A luz é de Wagner Freire e a direção de movimento é de Ricardo Rizzo. Os adereços são de Shicó do Mamulengo.
Sinopse
Macbeth conta a história de um homem incapaz de lidar com sua natureza ambiciosa e que, instigado por sua cruel esposa, passa de herói a tirano. Após salvar a Escócia e começar a galgar os degraus do grande mecanismo do poder, Macbeth, que agora se vê mais próximo do trono, interfere na ordem natural dos acontecimentos e cede a seu impulso homicida, assassinando o rei escocês para tomar sua coroa.
Como se outro crime pudesse limpar a mancha pelo assassinato cometido e dar paz à sua consciência, ele inicia uma sequência de crimes sem volta, reconhecendo, assim, a incapacidade que o homem tem de lidar com sua natureza e de fugir de seu destino.

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