
quarta-feira, 2 de abril de 2014
DESTAQUE, FESTIVAIS, MATÉRIAS
OBRA INACABADA DE PIRANDELLO, OS GIGANTES DA MONTANHA, GANHA SABOR ESPECIAL COM A LEITURA DO GRUPO GALPÃO
3 DE ABRIL DE 2014 MICHELFERNANDES DEIXE UM COMENTÁRIO
Da redação do Festival de Teatro de Curitiba
OS GIGANTES DA MONTANHA
OS GIGANTES DA MONTANHA
CURITIBA – “Os Gigantes da Montanha”, de Luigi Pirandello, não tem um final. Depois de sete anos de trabalho, o autor acabou morrendo, em 1936, antes de concluí-la.
“O fato de ‘Os Gigantes da Montanha’ não ter um final dá um sabor especial à peça”, disse o ator Eduardo Moreira.
Se o texto teatral é por si só uma obra aberta, cujo ponto final pode ser escolhido por uma companhia como o Grupo Galpão, ganha níveis de liberdade e novidade que têm surpreendido o público.
“Ainda assim, Pirandello deu indicações de como terminaria a peça.”
O espetáculo está no projeto Sesi na Rua, do Festival de Curitiba e setambém em Araucária, no sábado (29), e em Ponta Grossa, hoje (1°). Em Curitiba, o grupo se apresenta nos dia 4 e 5 na Praça Santos Andrade.
Toda a idealização de “Os Gigantes da Montanha” aponta para os ideais estéticos do Galpão, com o toque da terceira participação de Gabriel Villela como diretor da companhia.
“O resultado é impactante”, diz Moreira.
http://www.aplausobrasil.com.br/2014/04/03/obra-inacabada-de-pirandello-os-gigantes-da-montanha-ganha-sabor-especial-com-leitura-grupo-galpao/
O texto foi uma escolha do próprio diretor para celebrar o reencontro com o Galpão. A fábula narra a chegada de uma companhia teatral decadente a uma vila isolada do mundo, cheia de encantos, governada pelo mago Cotrone. A trupe de mambembes encontra-se em profundo declínio e miséria, por obsessão de sua primeira atriz, a condessa Ilse, em montar “A Fábula do filho trocado” (peça escrita por um jovem poeta que se matou por amor não correspondido da condessa). Cotrone, o mago criador de “verdades que a consciência rejeita”, começa a construir os fantasmas dos personagens que faltam para a companhia montar a peça. Ele convida os atores a permanecerem para sempre na Vila, representando apenas para si mesmos a “A Fábula do Filho Trocado”. Ilse, no entanto, insiste que a obra deve viver entre os homens, sendo representada para o público.
A solução encontrada, que resultará no desfecho trágico da peça, é sua apresentação para os chamados “Os Gigantes da Montanha”, povo que vive próximo da Vila. Os gigantes, por terem um espírito fabril e empreendedor, “desenvolveram muito os músculos e se tornaram um tanto bestiais”, e, portanto, não valorizam a poesia e a arte. O ato final da peça, que ficou inconcluso, mas que chegou a ser vislumbrado pelo autor em leito de morte, descreve a cena em que Ilse e a poesia são trucidadas pelos embrutecidos Gigantes. A peça termina com os atores da companhia carregando o corpo da atriz na mesma carroça em que chegaram à primeira cena.
“Os Gigantes da Montanha” traz uma contundente discussão sobre o possível lugar da arte e da poesia num mundo dominado pelo pragmatismo e pela técnica. A morte de Ilse representa a morte e também o renascimento da arte. Como a Fênix que ressurge das cinzas: a velha arte precisa morrer para que novas sensibilidades artísticas brotem e floresçam.
OS GIGANTES DA MONTANHA
Mostra Sesi na Rua – 4 e 5 de abril – 19h.
Praça Santos Andrade

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