domingo, 9 de setembro de 2012

http://www.diarioweb.com.br/novoportal/Noticias/Teatro/100564,,Grupo+Galpao+deu+toque+brasileiro+a+Romeu+e+Julieta.aspx São José do Rio Preto, 6 de Julho, 2012 - 1:45 Grupo Galpão deu toque brasileiro à “Romeu e Julieta” -------------------------------------------------------------------------------- Francine Moreno -------------------------------------------------------------------------------- Rubens Cardia Resultado pôde ser visto na abertura do festival Inventando histórias arquetípicas, cheias de amor, ciúme, morte e vingança, boa parte entre os anos de 1590 e 1613, William Shakespeare encontrou admiradores de diferentes países e culturas. Uma prova é um festival exclusivamente em torno dele, que reuniu recentemente, em Londres, no teatro Globe, 38 companhias teatrais apresentando 38 peças de Shakespeare em diferentes línguas. No Festival Internacional de Teatro (FIT) de Rio Preto, Shakespeare abriu e fecha o evento, e com espetáculos completamente opostos e com autonomias poéticas. O grupo Galpão fez uma releitura brasileira e brejeira da tragédia de “Romeu e Julieta”, enquanto o Teatr Biuro Podrózy, da Polônia, apresenta “Macbeth” com elementos medievais e contemporâneos que recriam a tragédia de ambição e traição do Rei da Escócia. A obra do dramaturgo também esteve presente em quase todas as últimas dez edições do FIT. Para a jornalista e curadora do festival, Natália Nolli Sasso, Shakespeare consegue ter lugar cativo em um festival experimentalista porque não é dogmático. “Por ser clássico, Shakespeare tem a capacidade de não envelhecer, principalmente porque ele não esteve entrelaçado a ninguém, a nenhum movimento. Hoje, ele sobrevive a todo modismo, algo propício para montagens”, afirma. O dramaturgo se destaca porque há uma concepção própria de encenação a partir dos textos, segundo o crítico Kil Abreu, um dos curadores do FIT. “Estas encenações de 2012 do FIT fazem um diálogo criativo com Shakespeare, aproveitando o essencial dele e estendendo o sentido na direção de questões mais próximas a nós, seja quanto a uma leitura mais popular e lírica da realidade (Galpão), seja na leitura sobre o trágico nos dias de hoje (Biuro Podrózy).” Em um momento histórico em que os artistas ainda se guiavam por muitas regras sobre o que deveria ser uma peça de teatro e ainda amparado em uma ideia de classicismo antigo (com a tradicional divisão entre tragédia e comédia), ele misturou gêneros sem nenhuma cerimônia. “Vai do trágico ao grotesco, do existencial ao cômico em um mesmo movimento, e nos mostra que isto é verossímil, é crível, porque na vida também é assim”, afirma o curador. Do ponto de vista dos temas, tanto “Romeu e Julieta” quanto “Macbeth”, na opinião de Kil Abreu, pautam-se por esse caminho que parte da dor ou da ambição dos indivíduos para alcançar o conjunto da sociedade. “Nas duas peças os atos individuais têm consequências sociais. Por outro lado, se a questão for a experimentação, é claro que não podemos dizer que Shakespeare representa a cena experimental de hoje, mas sem dúvida ele ainda é mais avançado do ponto de vista formal que muito teatro contemporâneo por aí.” A visão do teatro como algo que captura a vida em pleno movimento, que mistura formas e gêneros, garante um tipo de teatralidade que interessa hoje. O uso farto da palavra poética, por exemplo, mostra o quanto há de estilização e de busca do singular, mas sem perder nunca o chão dos fatos e uma aguçadíssima percepção do que serve e o que não serve para ir ao palco. “Por isso se costuma dizer que, em Shakespeare, poesia é sinônimo de ação”, revela Abreu. Ainda de acordo com o curador, o dramaturgo tinha capacidade de fazer da palavra poética algo quase ordinário, que sempre parece ter raiz no movimento da vida. “Por isso é possível ver o interesse de um grupo brasileiro e outro polonês, no mesmo momento, por ele.” Impressões Uma apreciadora do dramaturgo, a professora Leda Maria da Silva afirma que o grande diferencial de Shakespeare foi a inteligência. “Ele enxergava a realidade de forma muito interessante, cheia de detalhes. Era um privilegiado e sensível, que captava a alma dos personagens. Sempre haverá espaço para uma nova montagem teatral e público garantido.” Para o analista de sistemas Julio Cesar de Carvalho, que esteve na abertura do FIT, os textos do dramaturgo são clássicos justamente porque conseguem continuar atuais. “O espetáculo ‘Romeu e Julieta’, do Galpão, foi muito divertido e misturou arte circense com música, dança e um cenário diferenciado. Foi bem criativo e atual.” Ator e um dos fundadores do grupo Galpão, Eduardo Moreira, afirma que Shakespeare está em um mundo divino. “Foi o maior dramaturgo de todos os tempos, que conseguiu uma obra com força grande, relida em diferentes culturas. Nosso papel com ‘Romeu e Julieta’ foi evidenciar uma parte desta obra completa e dar um toque brasileiro e popular.” Serviço “Macbeth”, do Teatr Biuro Podrózy, da Polônia, dia 14, às 23 horas, no Anfiteatro “Nelson Castro” (Represa Municipal). Informações pelo site www.festivalriopreto.com.br

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