domingo, 9 de setembro de 2012

‘Macbeth’ abre temporada que levará aos palcos brasileiros todas as 39 peças de Shakespeare Projeto pretende exibir as montagens nos próximos dez anos Mariana Timóteo da Costa Publicado:12/06/12 - 7h20 Atualizado:12/06/12 - 7h20 Comentários: 2 Envios por mail: 2 Entre as peças de Shakespeare, onze não se tem registro de montagem no país Cavalcante SÃO PAULO - “Estamos na casa de Deus, na casa de Shakespeare", disse um emocionado Gabriel Villela, mês passado, ao apresentar sua aclamada versão de "Romeu e Julieta" com o grupo Galpão no Globe londrino. O Reino Unido está em festa: jubileu da rainha Elizabeth II na semana passada, Olimpíadas no mês que vem e, desde abril e até novembro, Londres e outras cidades do país recebem o Globe to Globe World Shakespeare Festival — que contou com a participação do diretor de teatro mineiro. Estão sendo encenadas boa parte das 39 peças de William Shakespeare, em 37 idiomas. Nesta semana, em Glasgow, o prestigiado Alan Cumming estreia ainda uma aguardada versão de "Macbeth", ambientada num hospício, na qual fará todos os papéis. Mas fãs do bardo que não possam cruzar o oceano não hão de desanimar. Três montagens de fôlego chegam este ano aos palcos paulistanos, todas com temporadas previstas no Rio mais para frente.   Inéditas são traduzidas A primeira é do próprio Villela: "Macbeth", protagonizada por Marcello Antony, estreou há dez dias. Em outubro, comandado pelo niteroiense radicado em Nova York e ex-Royal Shakespeare Company Ron Daniels, Thiago Lacerda defenderá seu Hamlet. E, em novembro, Leonardo Brício futucará seu "lado terrível", segundo o próprio ator, para dar vida a Ricardo III. O espetáculo, dirigido por Marco Antônio Rodrigues, será o primeiro de um ambicioso projeto que pretende encenar as 39 peças do bardo no Brasil até 2022 — incluindo 11 de que não se tem registro de montagem no país. Prova, segundo atores, produtores e críticos, de que a fonte shakespeariana é inesgotável.  — A Humanidade sempre precisará dele, Shakespeare mapeou a alma humana. Iremos todos passar batidos por esta existência, ele não. Sua palavra é valorosa demais. O Brasil tem sorte de poder ver três atores com physique du rôle épico defendendo esses papéis — diz Villela, para quem o artista tem "direito social e político" de montar Shakespeare. O direito, no entanto, vem com responsabilidade, ele destaca: — O ator ou o diretor que quiser passar por Shakespeare apenas para se autolegitimar está perdido. Ele precisa montar para aprender. É um processo natural se voltar ao dramaturgo, precisamos de substitutos para Paulo Autran, Raul Cortez e Sérgio Britto. O mesmo pensa a crítica do GLO BO Barbara Heliodora, salientando que as três histórias são ótimas, que os três atores são bons, "podendo crescer com a experiência", e, portanto, que os diretores têm uma série de possibilidades cênicas. — O Brasil ainda está em dívida com montagens memoráveis de Shakespeare, a quem a arte deve ir sempre, devido ao seu caso de amor com o ser humano e suas contradições — diz a crítica, para quem só há duas encenações inesquecíveis do bardo no Brasil: o "Romeu e Julieta" do Galpão (1992) e o "Hamlet" de Sérgio Cardoso (1948 e 1956).  Barbara não viu a elogiada montagem de "A tempestade" que ficou em cartaz no ano passado, somente em São Paulo. Mas o produtor do espetáculo, Alexandre Brazil, a convidou para participar do Projeto 39 — que pretende encenar todas as peças de Shakespeare nos próximos dez anos — e ela topou. Agora, Barbara está traduzindo duas inéditas: "Eduardo III" e "Os dois nobres parentes". Nomes como Aderbal Freire-Filho e Cacá Rosset irão dirigir montagens ainda não definidas na primeira fase do projeto (até 2014).  — Ricardo III é um personagem dificílimo. Como achar a maldade dele dentro de mim? Não tenho essa maldade, o prazer do aprendizado estará também em buscá-la — diz Leonardo Brício. O ator, cujo papel mais marcante no teatro foi "Péricles", dirigido por Ulisses Cruz, fala do seu "prazer indescritível" em se preparar para seu quarto Shakespeare: — Os personagens são muito bem construídos e, ao mesmo tempo, contraditórios. Por mim, faria as 39 peças. É necessário passar por Shakespeare para se aprimorar como artista. Depois de Ricardo III, serão montadas, em 2013, "Romeu e Julieta", com direção de Vladmir Capela, e "Trólio e Créssida", nunca encenada no Brasil, que será dirigida por André Garolli e trará Maria Fernanda Cândido como Helena. — Espero que o país esteja preparado e maduro para um projeto como esse — opina Brazil. Barbara acha qualquer iniciativa válida quando se trata do bardo: — Para quem quiser fazer, eu digo: tem que fazer. Já em temporada, Marcello Antony comemora sua primeira tragédia shakespeariana. Diferentemente do que fez com o Galpão e com os Clows de Shakespeare em "Sua Incelença, Ricardo III", Villela optou, com "Macbeth", por uma montagem em espaço convencional. Os figurinos e o cenário contam com os tradicionais capricho e inovação do diretor, o texto foi encurtado, a figura de um narrador foi introduzida, e todos os papeis, incluindo os femininos, são feitos por homens — destaque para a Lady Macbeth de Claudio Fontana. — A cada apresentação aprendo uma coisa nova, a gente testa linguagens. Sinto que estou crescendo como ator — diz Antony, para quem, não importa quantas montagens haja, "um bom Shakespeare sempre terá público".  ‘O aprendizado é grande’ Thiago Lacerda pensa o mesmo. Estava há tempos a fim de fazer seu primeiro Shakespeare por identificar, no texto do autor, "a maior fonte dramática para exercitar meu ofício". Mas não pensava em "Hamlet". A coisa mudou quando recebeu o convite de Ron Daniels.  — Descobri em Ron um mestre. Estou realizando um sonho, meu trabalho é me comunicar com o público, e não temo essa responsabilidade. Shakespeare dá trabalho, mas o aprendizado é grande — diz Thiago, que começa a ensaiar mês que vem, quando Ron se muda de Nova York para São Paulo. Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/macbeth-abre-temporada-que-levara-aos-palcos-brasileiros-todas-as-39-pecas-de-shakespeare-5172578#ixzz261j8pQtN © 1996 - 2012. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. 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