Programa O amargo sabor da tragédia Dirigido por Gabriel Villela, espetáculo “MacBeth” revisita Shakespeare 16/11/2012 02:07 - MÁRCIO BASTOS Divulgação O general (Marcello Antony) e sua Lady MacBeth (Claudio Fontana) Há quem diga que o texto de “MacBeth” é o mais trágico de Shakespeare. Se nesse sentido resta alguma dúvida, é unanimidade que esta é a peça mais sangrenta do dramaturgo inglês. Nela, a violência física e psicológica é utilizada pelos (e atinge os) personagens como uma faca de dois gumes: destroi o adversário, mas também o autor do ataque. Um dos mais aclamados diretores brasileiros, o mineiro Gabriel Villela dá uma nova roupagem ao clássico em “MacBeth”, que é apresentado de hoje até domingo no Teatro Santa Isabel. O espetáculo é estrelado por Marcello Antony e Claudio Fontana. A relação de Gabriel Villela com o universo shakespeareano não é recente. Além de duradouro, esse “namoro” tem se provado prolífico. Desde sua primeira incursão (esta é a terceira) nos textos do dramaturgo, em 1992, na adaptação de “Romeu e Julieta” para o Grupo Galpão - até hoje a mais aclamada versão brasileira da obra -, o diretor parece ter captado a essência da obra de Shakespeare, reverenciando-a, mas sempre imprimindo uma marca autoral. Com “MacBeth” o mineiro continua por este caminho. Como explicou o ator Claudio Fontana, o diretor optou por fazer uma abordagem não realista do texto, além de trabalhar com um elenco reduzido e exclusivamente masculino, como na época de Shakespeare. Fontana interpreta Lady MacBeth, ambiciosa mulher do general MacBeth, que instiga o marido a iniciar uma jornada sangrenta em busca do poder. O ator, que também produz o espetáculo, conta que para compor a personagem, precisou primeiro entender suas motivações. “O conceito de Lady Macbeth não é necessariamente o de uma mulher em cena. Por isso, minha atuação não busca trejeitos ou um tom de voz feminino. Para mim, ela é a personificação da maldade, e maldade não tem sexo”, afirma. Entre as principais referências que ele usou para compreender a criação shakespeareana está Freud. “Ela é o motor trágico da história. A ambição dela é desmedida, ela não sente culpa pelo que faz, e deflagra esse sentimento também no marido. Talvez se não fosse por ela, ele não teria um destino trágico”, pontua. Para Fontana, a adaptação de Villela desafia o público a entrar em mundo de metáforas, no qual uma antena pode representar uma espada, por exemplo .Ele ressalta ainda a atuação de seu colega de cena Marcello Antony, afirmando que o público se surpreenderá com o desempenho do ator. “O texto é provocador e, por falar de sentimentos humanos como a ambição, é atemporal”, enfatiza. Serviço “MacBeth”, de Gabriel Villela Sexta e sábado, às 21h; domingo, às 20h Teatro Santa Isabel Ingressos: plateia - R$ 100 e R$ 50 (meia); balcão - R$ 80 e R$ 40 Informações: 3355 3322 http://www1.folhape.com.br/cms/opencms/folhape/pt/edicaoimpressa/arquivos/2012/11/16_11_2012/0008.html