HOJE, NO JORNAL DA CIDADE DE BAURU!!! matéria linda de Cristina Rodrigues Franciscato, amiga de longa data, que se formou comigo na Eca e era minha amigona na faculdade. QUE BELA PROVA DE AMIZADE, que texto lindo, inteligente, informativo, opinativo. Estou muito contente, Cris. OBRIGADO em nome de toda a equipe da peça UM RÉQUIEM PARA ANTONIO. Adoramos você e o Du na nossa estreia, lindos e luminosos!
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Quinta-feira passada (dia 16) assisti, em São Paulo, um espetáculo belíssimo: a montagem de Gabriel Villela da peça do meu amigo Dib Carneiro Neto: "Um Réquiem para Antonio". Escrevi um artigo para incentivar meus amigos a não perderem a oportunidade de assisti-la! Está um primor! Aqueles que são de Bauru (e de outros lugares que não São Paulo) vale muito uma ida ao Tucarena! “UM RÉQUIEM PARA ANTONIO": A INVEJA EM CENA Quem nunca conheceu a face da inveja? Palavra que vem do latim (invidia) e significa o desgosto pela felicidade de alguém e o desejo violento de possuir o bem alheio. Sentimento que transtorna e causa danos, tanto para aquele que inveja quanto para o invejado. A peça "Um Réquiem para Antônio", que estreou em São Paulo na semana passada, coloca em cena a lendária inveja que o compositor italiano Antonio Salieri (1750-1825) sentia de Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) e de sua obra. Na verdade, Salieri foi bastante respeitado em sua época, sendo o compositor oficial da corte de José II, o imperador do Sacro Império Romano-Germânico. Também foi professor de compositores famosos como Beethoven, Liszt e Schubert. Mas esses fatos drasticamente empalidecem diante da luminosidade de um gênio e Mozart, amadíssimo pelas Musas, roubou a cena musical do século XVIII. A suposta inveja de Salieri já aparece na obra "Mozart e Salieri" de Aleksander Pushkin, na peça "Amadeus" de Peter Shaffer e no filme homônimo de Milos Forman, ganhador do óscar de melhor filme em 1985. Quando um fato sai da esfera da história e entra no âmbito do mito, ele sai do particular e ganha valor universal. Verdade ou lenda, a inveja de Salieri é um tema humano, demasiadamente humano – parafraseando Nietzsche. É esse tema que o premiado dramaturgo, Dib Carneiro Neto, explora em "Um Réquiem para Antônio", peça que tem a direção, sempre inspirada e inspiradora, de Gabriel Villela. A montagem está um primor. O cuidado começa com o próprio teatro que foi inteirinho “vestido” (desde as cortinas aos assentos das poltronas) e transformado num ambiente onírico em que os personagens ganham vida e nos invadem. As interpretações estão impecáveis, a música é linda, o figurino, fantástico e a iluminação, poética. A opção de Gabriel Villela por representar os personagens com nariz de palhaço e dar ao texto uma interpretação tragicômica deu leveza a um tema, por natureza, denso e sombrio. Dib Carneiro Neto inova e acerta ao criar um Mozart (interpretado por Cláudio Fontana) que habita a alma de Salieri (Elias Andreato) moribundo, transtornado e rabugento. A história se passa em Viena, nos últimos dias do velho compositor, 34 anos após a morte de Mozart. Durante todo esse tempo, Salieri não conseguiu se livrar do espectro de Mozart e da inveja que lhe corrói as entranhas. O que está em pauta é a devastadora epifania presente na existência de um gênio. Justamente por Salieri não ser um músico medíocre, ele pode, mais do que qualquer outro, reconhecer tal talento e sofrer diante dele. Como afirma o próprio personagem: “Mas ouvir-te tocar, Wolfgang, me enlouquecia. Teu primeiro concerto aos 4 anos. Tua primeira sinfonia aos 7. Uma ópera completa aos 12. Como é difícil se resguardar da loucura ao se observar um prodígio!...Tua música, desde cedo, nos chegava como nos chega Deus, Wolfgang!” Uma diferença significativa entre os protagonistas é a rigidez, disciplina e moralidade de Salieri e a personalidade desregrada e, de certo modo, devassa de Mozart. A peça mostra o ressentimento de Salieri, que se pauta pelas normas religiosas e sociais de seu tempo, quando se vê subjugado pela genialidade de alguém tão intensamente irreverente. Em certo momento do enredo, Mozart diz para Salieri: “Saibas que terias vivido bem menos atormentado se tivesses também praticado isso a que chamas de minha perdição”. Então, alude ao suposto pacto feito por Salieri com deus e observa: “permaneceste pudico... não, muito mais que isso, puro, um ser virginal, em troca de seres o maior, o melhor!”. Eis a grande ironia trágica. Na peça, Salieri estimou que a privação fosse o meio de atingir a “meta inebriante de ser o melhor. O brilho. A glória...” (palavras do personagem). No leito de morte, ele ainda questiona o Mozart que o habita: “O que fizeste para merecer de Deus tanta genialidade? Por que foste o escolhido e não eu?” Mas os deuses têm seus caprichos e seus eleitos: Mozart foi um deles! SERVIÇO: “Um Réquiem para Antonio”: teatro Tucarena (Rua Monte Alegre, 1024; tel.: (11) 36708455). Texto de Dib Carneiro Neto e direção de Gabriel Villela, com Elias Andreato (Salieri), Claudio Fontana (Mozart), Mariana Elisabetsky, Nábia Vilela e Fernando Esteves. Sexta e sábado, às 22 horas, e aos domingos, às 19 horas. Ingressos: R$ 40 (sexta) e R$ 50 (sábado e domingo).
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