quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Peça leva inveja de Salieri contra Mozart a picadeiro GUSTAVO FIORATTI DE SÃO PAULO 22/01/2014 03h07 Ouvir o texto Mais opções PUBLICIDADE Quando o dramaturgo Dib Carneiro Neto foi convidado pelo ator Elias Andreato a escrever sobre o compositor italiano Antonio Salieri (1750-1825), não gostou muito da ideia: "Pensei: 'Ai... Já teve filme, já teve peça, vamos falar sobre isso de novo?'." Pois era justamente essa a proposta. Assim sendo, em "Um Réquiem para Antonio", Dib volta a explorar a história de Salieri em seu ponto mais doloroso: a versão de que o compositor italiano teria sabotado a carreira de um sujeito bem mais talentoso que ele, Mozart (1756-1791). É a mesma abordagem que levou o filme "Amadeus" (1984), de Milos Forman, a ganhar oito estatuetas do Oscar. Com direção do mineiro Gabriel Villela, a peça entrou em cartaz no Tucarena na última sexta-feira. "O argumento que me pegou foi a questão da inveja, tema muito atual neste mundo em que todos querem ser celebridade. Antigamente, até a inveja era algo mais nobre", afirma Dib. Lenise Pinheiro/Folhapress Peça "Um Réquiem para Antonio", de Dib Carneiro Neto Atores Elias Andreato (esq) e Cláudio Fontana Peça "Um Réquiem para Antonio", de Dib Carneiro Neto Atores Elias Andreato (esq) e Cláudio Fontana CONFLITO A dificuldade em aceitar o tema não residiu apenas no possível demérito da repetição: o retrato de um Salieri invejoso e mau já caiu por terra. Entre músicos eruditos, essa versão, explorada também pela peça "Mozart e Salieri" (1830), de Aleksandr Púchkin, é vista como lenda. "Mas que conflito teríamos então? Nenhum", diz Dib. "Os puristas vão reclamar, mas este virou o maior exemplo de caso de inveja artística. Virou tão lenda que achamos melhor ficar em cima do mito", explica. Para evitar reclamações, o espetáculo, também por meio da direção de Villela, recusa um tom biográfico ou uma versão espelhada na reconstrução dos figurinos de época. O caminho foi abstrair pela verve do delírio. A peça retrata as horas que antecedem a morte de Salieri, o protagonista da história. Mozart já está morto, portanto, mas, como uma assombração, encontra-se em cena. Há outras máscaras propostas pela direção para localizar o mito de Salieri no campo do devaneio. Os intérpretes -Elias Andreato como Salieri e Claudio Fontana como Mozart- usam narizes de palhaço. E a cena toma forma numa espécie de picadeiro. O figurino e os objetos de cena compõem um "crash" de estampas, com menções que vão da tapeçaria indiana aos tecidos vendidos na rua 25 de Março. A busca é "por valorizar os aspectos mais bufônicos", diz Villela. O barroquismo também contamina a escolha da trilha. Às composições de Mozar e de Salieri, misturam-se canções populares, como "Passarim", de Tom Jobim, e "Bang Bang" imortalizada pela voz de Nancy Sinatra. UM RÉQUIEM PARA ANTÔNIO QUANDO sex. e sáb, às 22h, e dom., às 19h ONDE Tucarena (r. Monte Alegre, 1.024, Perdizes, tel. (11) 3670-8455) QUANTO R$ 40 a R$ 50 CLASSIFICAÇÃO 14 anos http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2014/01/1400749-peca-leva-inveja-de-salieri-contra-mozart-a-picadeiro.shtml

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