quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

http://www.diarioweb.com.br/novoportal/Divirtase/Teatro/167357,,Salieri+e+Mozart+acertam+conta+no+picadeiro.aspx › “Um Réquiem para Antonio” São José do Rio Preto, 17 de Janeiro, 2014 - 1:43 Salieri e Mozart acertam conta no picadeiro Graziela Delalibera João Caldas/Divulgação Clique para ampliar. Elias Andreato, como Salieri, e Cláudio Fontana, na pele de Mozart O jornalista e dramaturgo rio-pretense Dib Carneiro Neto, colunista do Diário, escreve sobre a inveja a partir da mítica que envolve dois compositores clássicos em sua nova peça, “Um Réquiem para Antonio”, que estreia hoje, no Teatro Tucarena, em São Paulo. A montagem trata da obsessão do italiano Antonio Salieri (1750-1825) pela genialidade do austríaco Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791). O tema já foi explorado no teatro e no cinema e, conforme Dib, extrapolou a realidade e virou prato cheio para a ficção, que tem fantasiado em doses exageradas a perseguição de Salieri pela fama de Mozart. No premiado filme de Milos Forman, por exemplo, baseado na peça de Peter Shaffer, Salieri teria contratado Mozart para compor uma missa de réquiem, para depois matá-lo e assumir a autoria. Dib cria sua versão sobre a história a partir de delírios de Salieri no leito de morte, ocasião em que faz um acerto de contas com Mozart, morto 34 anos antes dele e precocemente (perto de completar 35 anos de vida). “Apesar de ser um compositor muito dedicado, muito estudioso e importante para a época dele, Salieri sentia que não tinha a genialidade do Mozart, faltava isso para ele. Então, não conseguiria morrer sem o Mozart ao lado dele. É como se Salieri chamasse o Mozart, simbolicamente falando. O Mozart aparece, e eles conversam bastante, brincam, riem, se agridem. É um acerto de contas mesmo”, relata o dramaturgo. Dib acrescenta que as biografias que leu durante sua pesquisa não apontaram uma inveja desmedida, mas sim um ressentimento da parte de Salieri quanto à genialidade do jovem Mozart. A direção da peça é de Gabriel Villela, que pela terceira vez encena um texto de Dib. O primeiro foi “Salmo 91”, pelo qual Villela ganhou o APCA e o Qualidade Brasil de melhor diretor, e Dib o Shell de melhor autor. Depois, veio a adaptação de “Crônica da Casa Assassinada”, do livro de Lúcio Cardoso. A ideia de fazer o espetáculo sobre a inveja do compositor italiano partiu do ator Elias Andreato, que sugeriu ao rio-pretense escrever uma peça em que ele e Claudio Fontana pudessem atuar juntos. No palco, o primeiro interpreta Salieri, e o segundo, Mozart. Nas palavras do ator Claudio Fontana, o trabalho é uma reunião de artistas que se admiram e se complementam. Elias dirigiu o texto de estreia de Dib como dramaturgo, em 2005, “Adivinhe quem vem para Rezar”, com atuação de Fontana e Paulo Autran. O diretor escolheu a linguagem circense, alegórica e popular para falar dos dois personagens da história da música clássica. Salieri surge sombrio, confuso e frágil, em contraponto a um Mozart gozador, confiante e ágil. Um picadeiro florido recebe o embate, com os dois compositores com narizes de palhaço e figurinos que reproduzem o estado de espírito dos personagens. “O Gabriel Villela tem uma tradição muito grande de circo-teatro, de picadeiro barroco, fez obras-primas de teatro com essa linguagem, e resolveu trazê-la para essa peça, que é encenada num teatro de arena, todo redondinho, como se fosse um picadeiro de circo. O cenário acompanha essa ideia de circo, e ao mesmo tempo de delírio, que eu explorei muito, e o Gabriel embarcou bastante, e levou a minha proposta de imaginação à máxima potência”, afirma Dib, que define a peça como um “sonho-delírio-desconcerto” de Antonio Salieri à beira da morte. A trilha sonora que acompanha as alucinações de Salieri vai além da música clássica. “Como é um delírio, um circo, não há compromisso com a linearidade da história, tem muitas coisas contemporâneas, inclusive uma homenagem a Tom Jobim.” Serviço Um Réquiem para Antonio, de Dib Carneiro Neto. Com Elias Andreato e Claudio Fontana. Direção: Gabriel Villela. Teatro Tucarena, em São Paulo. Sexta e sábado, às 22 horas, e aos domingos, às 19 horas. Ingressos: R$ 40 (sexta) e R$ 50 (sábado e domingo) Revelado pelo mestre Dib Carneiro Neto estreou como dramaturgo em 2005, quando Paulo Autran tomou conhecimento de seu texto “Adivinhe Quem Vem Para Rezar” e decidiu lançá-lo como autor de teatro. O texto também foi montado na Argentina, em Portugal e no Paraguai. Em 2008, “Salmo 91”, adaptação do livro “Estação Carandiru”, lhe rendeu o Prêmio Shell de melhor autor do ano, entre outros. No ano seguinte, a pedido de Gabriel Villela, traduziu a peça “Calígula”, de Albert Camus, tendo Thiago Lacerda no papel principal. Dib mora em São Paulo desde os 18 anos, onde formou-se em jornalismo pela ECA/USP, em 1982. Começou sua carreira na Gazeta de Pinheiros, passando para a revista “Veja São Paulo” até o final dos anos 80. Depois, foi repórter no jornal “O Estado de S. Paulo”, onde chegou a editor do Caderno 2, e ficou até fevereiro de 2011. Autor de dois livros, desde 1991 acumula a função de crítico de teatro infantil e é membro da comissão de teatro infantil da APCA. Mantém uma coluna semanal no site da Revista Crescer, da editora Globo.

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