quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Lendária inveja de Antonio Salieri por Mozart é levada para o palco Por Nanda Rovere SÃO PAULO- Um Requiém Para Antonio, texto inédito de Dib Carneiro Neto, é inspirado na lendária inveja do músico italiano Antônio Salieri (1750-1825) pelo austríaco Wolfgang Amadeus Mozart (1756-91), ambos grandes compositores da música clássica mundial. A direção é de Gabriel Villela. No elenco estão: Elias Andreato (no papel de Salieri) e Claudio Fontana (Mozart), Nábia Vilela e Mariana Elisabetsky. O pianista Fernando Esteves executa a trilha. A estreia acontece sexta-feira, 17, às 22h00, no Teatro Tucarena. A ideia de levar para os palcos a história dos compositores foi do ator Elias Andreato, que sugeriu o tema para Dib Carneiro Neto transformar em peça teatral. O objetivo do ator era a criação de um texto que possibilitasse o seu reencontro com o amigo Claudio Fontana. Amigos de longa data, já trabalharam juntos no teatro diversas vezes, como em Andaime, de Sergio Roveri. Na trama, Salieri está no leito de morte, delira e começa a acertar as contas com Mozart, que faleceu ainda muito jovem e 34 anos antes dele. Atormentado por estar sempre à sombra de Mozart, Antonio Salieri reencontra o seu rival e supostamente o envenena. A lenda diz que Salieri enlouqueceu perseguindo Mozart no período em que conviveram na Áustria, obcecado pela vontade de destruí-lo e de impedir a sua criação. Vale ressaltar, no entanto, que o compositor italiano Antonio Salieri é menos conhecido do que Mozart, mas teve uma carreira produtiva na música clássica do século XIX; era conhecido e respeitado. Neste sentido, não há provas com relação à veracidade dessa rivalidade entre os dois compositores, mas o importante na montagem é contar a fábula e chamar a atenção do público para o talento dos artistas. As histórias a respeito do relacionamento de Salieri com Mozart foram disseminadas através da peça de teatro de Peter Shaffer, que foi adaptada para o cinema com o título Amadeus, por Milos Forman, vencedor de oito Prêmios Oscar em 1984. Segundo Dib Carneiro Neto, a peça valoriza o mito e está focada na inveja artística que Salieri nutria pelo Mozart. ¨Quanto mais eu buscava a verdade na relação entre os dois, mais eu ficava fascinado pela ficção”, diz o autor sobre o processo de criação. Dib ressalta que o seu objetivo enquanto dramaturgo foi transmitir ao público que Mozart e Salieri são exemplos do triunfo da imaginação. ¨Nas mãos do Gabriel a imaginação foi elevada à máxima potência¨, diz. A encenação de Gabriel Villela usa a linguagem circense para destacar o lado mítico da inveja. ¨Não existo sem o circo e o teatro de rua. É a minha herança. É natural que a história ganhe aspectos da linguagem mineira/barroca”, diz o diretor. É a primeira vez que Elias Andreatto e Mariana Elisabetsky trabalham com Villela. Já Claudio Fontana e Nábia Villela foram dirigidos em várias peças pelo diretor, entre elas, A Ponte e a Água de Piscina, de Alcides Nogueira. Andreato não tinha experiência com a linguagem circense. Está muito feliz com a oportunidade de participar do projeto e acredita que será muito prazerosa a temporada. ¨O espetáculo tem um acabamento requintado que protege o ator e o coloca muito seguro em cena. O teatro do Gabriel nos conduz pela beleza, pela delicadeza. É um desafio, um jogo estimulante e criativo¨, afirma o ator sobre o processo de direção de Villela. ¨Admiro o Claudio (Fontana) como pessoa e artista e me sinto muito à vontade com ele em cena¨, complementa Andreato. Fontana também declara que o processo de trabalho está sendo prazeroso, sobretudo pela oportunidade de voltar a ser dirigido por Villela e contracenar com Nábia e Andreato. Para o ator, “atuar num espetáculo não-realista é um trunfo, pois exercita e aprimora a sua interpretação. ¨ Um pequeno picadeiro florido recebe o embate entre os dois compositores. A montagem foi criada especialmente para a arena e todo o espaço da sala de espetáculos recebe o cenário, que valoriza a poesia do texto e da encenação. Na montagem de Villela. Salieri é sombrio, confuso e frágil, enquanto Mozart é gozador, confiante e ágil, características presentes nos figurinos elaborados por Villela e José Rosa, que chamam a atenção pela beleza, assim como os adereços, confeccionados pelo artista plástico Shicó do Mamulengo, do Rio Grande do Norte. A trilha tem função dramatúrgica, na medida em que conduz as neuroses e lembranças de Salieri. As músicas são interpretadas pelas atrizes e cantoras Nábia Villela e Mariana Elisabetsky, que também vivem personagens que passaram pela vida dos compositores. São 5 as composições de Mozart escolhidas para entrar peça: Sinfonia em Sol Menor, Marcha Turca, Rainha da Noite (ária da ópera Flauta Mágica) e Lacrimosa (ária do seu último réquiem). Pesquisa para a encenação Como fonte de pesquisa, Dib Carneiro Neto usou as peças teatrais de Pushkin e de Peter Shaffer, o filme Amadeus, de Milos Forman, as biografias de Harold Schonberg e Peter Gay e as cartas de Leopold (pai de Mozart). Para nortear a encenação, o diretor Gabriel Villela usou o livro de Elias Norbert, Mozart - sociologia de um gênio, que traz uma profunda análise sobre o artista e sobre o seu talento para criar obras-primas, ao mesmo tempo em que apresentava um comportamento debochado e ações infantis. Claudio Fontana ressalta que a pesquisa sobre Mozart se complementa com a audição de suas criações musicais. ¨Parecem dois personagens diferentes porque, quando lemos sobre Mozart, conhecemos o seu lado irresponsável, mas, quando ouvimos as suas composições, percebemos a genialidade de um dos maiores compositores que a humanidade já viu¨, declara Fontana. Ficha técnica: Texto: Dib Carneiro Neto. Direção: Gabriel Villela. Elenco: Elias Andreato, Claudio Fontana, Nábia Vilela e Mariana Elizabetsky. Figurino: Gabriel Villela e José Rosa. Cenário: Márcio Vinícius. Adereços: Shicó do Mamulengo. Iluminação: Wagner Freire. Preparação vocal: Babaya. Espacialização vocal e antropologia da voz: Francesca Della Mônica. Direção musical e arranjos: Miguel Briamonte. Pianista: Fernando Esteves. Assistência de direção: Ivan Andrade e Daniel Mazzarolo. Produção executiva: Clíssia Morais e Francisco Marques. Direção de produção: Claudio Fontana. Serviço: Um Requiém Para Antonio. Tragicomédia. Com Elias Andreato e Claudio Fontana. Direção: Gabriel Villela. Duração 70min. Teatro Tucarena. Sex e Sáb 22h, Dom 19h. R$ 40 (sex), R$ 50 (sáb e dom). Classificação 14 anos. Estreia 17/01. Vendas online - www.ingressorapido.com.br

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