
terça-feira, 1 de janeiro de 2013
Flipipa termina com teatro, música e poesia
Publicação: 25 de Novembro de 2012 às 23:15
imprimircomentarenviar por e-emailreportar erroscompartilhartamanho do texto A+ A-
Por Cinthia Lopes - Editora do Viver
Colaborou:
Yuno Silva - repórter
Shakespeare encontrou o sertão de Luiz Gonzaga, que por sua vez foi desaguar na Bahia de Jorge Amado e ancorar lá nos pampas de Luís Fernando Veríssimo. Foi mais ou menos essa costura que se alinhavou a última noite do Festival Literário da Pipa-Flipipa, encerrado no último sábado (24). Nessa equação, entre mesa improvisada para Veríssimo e um tempero emotivo, alguns pontos foram a favor da dramaturgia. Um deles foi a passagem apoteótica do grupo Clowns de Shakespeare, que levou uma pequena multidão à Pipa no sábado para ver "Sua Incelença, Ricardo III". Foi a primeira apresentação após a extensa turnê do grupo pelo Brasil, Espanha e Chile e toda aquela repercussão no centro-sul. A previsão para o terceiro e último dia do Flipipa, o mais regular dentre os três dias de programação, foi confirmada: faltou chão para quem quis acompanhar as atividades do festival literário de perto.
Na arena montada pelo Sesc/Flipipa, nos fundos da tenda literária, o público ocupou três arquibancadas mais o chão; e quem não conseguiu vaga se arranjou em pé nas grades laterais. Era gente saindo "pelo ladrão". De senhorinhas à crianças, boa parte de turistas e natalenses aproveitando a oportunidade de ver a peça premiada por aqui. Para quem perdeu, haverá mais uma chance.
O Sesc cogita uma apresentação de "Sua Incelença" em Pirangi, durante o veraneio 2013. Será um pouco antes da estreia de Hamlet (nova adaptação dos Clowns, com direção de Marcio Aurelio) prevista para o final de janeiro, segundo me disse o ator César Ferrário. Essa estreia deverá ser no Teatro Santa Isabel, no Recife. Depois Hamlet ganhará dez apresentações no Barracão dos Clowns.
ENTRE O PALCO E A TENDA
Atores tinindo em seus papeis arrancaram risos do público a cada cena. Ao mesmo tempo em que uma plateia encantava com essa tragicomédia shakespeareana, numa adaptação que transpôs a Inglaterra elisabetana para os terrenos áridos de um sertão de tons medievais e ciganos, outra se comovia com o itinerário lírico de Bené Fonteles e sua reverência à poesia e à figura mítica de Luiz Gonzaga. Era "casa" cheia na peça e tenda ocupada no mesmo horário. Apesar de não ter sido algo previamente programado, as atividades simultâneas mostraram que a receita é viável e pode ser repetida nas próximas edições. Com certeza atraiu muito mais gente para o festival.
saiba mais
Flipipa abre espaço para o teatro e a dramaturgiaLiteratura underground, ficção e experimentos dominaram o segundo dia do FlipipaSarau para Veríssimo no FlipipaFlipipa abre espaço para debates sobre o jornalismoFlipipa: sol, mar e livros Flipipa 2012 - primeiro dia (quinta, 22) Flipipa 2012 - segundo dia (sexta, 23) Flipipa 2012 - terceiro dia (sábado, 24)Na tenda, Bené leu um texto extenso e muito bonito sobre a vida e a obra de Luiz Gonzaga, e abriu parênteses para contar histórias sobre o velho Lua, suas muitas ramificações com outros artistas, os melhores parceiros "cheirando a bode" (aqueles que se dedicaram a fazer a música um porta-voz da vida sertaneja) e o legado que deixou a movimentos musicais como a Tropicália.
Houve o momento interativo na fala do pesquisador pernambucano Paulo Vandeley com exibição de vídeo e página virtual dedicada ao Rei do Baião. No final, ainda nesse transe poético, Bené Fonteles cantou, à capela, a música "Boiadeiro", sugerindo todos que fechassem os olhos numa espécie de oração: "Vai boiadeiro que a noite já vem/Guarda o teu gado e vai pra junto do teu bem..."
Yuno Silva
Bené FontelesAo lado do pernambucano Paulo Vanderley, Fonteles ressaltou como Rei do Baião contribuiu para a expansão da cultura nordestina pelo Brasil. "A música de Luiz Gonzaga funcionou como elemento de valorização da autoestima dos imigrantes nordestinos, discriminados na cidade grande e sem 'vidas secas'", parafraseou. "Ele elevou a cultura nordestina, e influênciou todos os grandes medalhões da MPB que estão aí até hoje. A obra conferiu imortalidade à Gonzagão", disse Bené.
Já Paulo Vanderley, editor da página eletrônica www.luizluagonzaga.com.br, apresentou raridades do acervo disponível na internet: capas de revistas, reportagens, áudios, vídeos, detalhes dos discos gravados, letras de música, os principais parceiros e a biografia de Gonzagão ao alcance de alguns cliques.
SARAU
Quem foi no sábado apenas para ver Luís Fernando Veríssimo, uma celebridade que ultrapassa os meios literários, saiu de lá com a alma leve. Um sarau improvisado, a partir da participação de dois atores (Titina Medeiros e Nelson Xavier), o jornalista Cassiano Arruda e a escritora Ana Miranda, conseguiu o inesperado. Manter uma tenda cheia sem a presença de Veríssimo. No camarim, o curador do Flipipa Dácio Galvão sugeriu aos convocados os poemas do livro "Poesia numa hora dessas!"
Rogério Vital
Sarau para Luiz Fernando Veríssimo, com Cassiano Arruda, Titina Medeiros, Nelson Xavier e Ana MirandaAlguns minutos após encerrada a palestra de Ana Miranda e Napoleão Paiva, os quatro convocaram o público a entrar no clima de sarau. A primeira da mesa a falar/ler foi Titina Medeiros, que aproveitou a deixa para passar batom diante da plateia insinuando que era para dar rosto ao poema "Armário", que Veríssimo dedicou à sua esposa. Depois veio Ana Miranda, que brincou com o jeito lacônico do amigo de longa data.
Nelson Xavier encerrou com o divertido poema "Deus nos Livre": "Deus nos livre dos bêbados que confidenciam. Deus nos livre das mulheres que miam. Deus nos livre de um dia acordar de ressaca, sair da cama e descobrir que estamos no palco do Teatro Municipal lotado."http://tribunadonorte.com.br/noticia/flipipa-termina-com-teatro-musica-e-poesia/237535
Publicidade

Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário