quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Caleidoscópio cinematográfico Publicação: 14 de Fevereiro de 2014 às 00:00 Comentários1 • • • Enviar por emailImprimirAumentar FonteDiminuir Fonte Yuno Silva Repórter Teatro, poesia, cinema, experimento, cumplicidade e parceria são algumas das palavras que costuram a colcha de retalhos imagéticos que explodem na tela em “O mundo inteiro é um palco”, filme-ensaio de Carito Cavalcanti e Eli Santos sobre o festival homônimo, realizado em novembro de 2013, que marcou as comemorações de 20 anos dos Clowns de Shakespeare. O ponto final na ilha de edição foi dado esta semana, e o lançamento mundial – sim, por que não dizer “mundial”?! – acontece hoje na internet, nos canais mantidos pela realizadora Praieira Filmes no Vimeo e no Facebook. Divulgação Filme-ensaio de Carito Cavalcanti e Eli Santos é sobre o festival realizado em novembro de 2013, marcando as comemorações de 20 anos dos Clowns de Shakespeare A reportagem do VIVER assistiu em primeiríssima mão ao ‘pseudo-doc-experimental’ na manhã de ontem, antes mesmo dele ser carregado para a ‘nuvem’ digital, e garante: o “pseudo” foi muito bem empregado por Carito, diretor e roteirista, na tentativa de classificar o novo rebento audiovisual. Esta é a primeira produção da dupla, Eli assina a montagem e finalização, e o resultado é um documentário que transcende a mera reportagem ou o mero registro: há envolvimento e intimidade da câmera com o que está acontecendo em volta, força e energia na tela. O realizador costuma dizer que faz cinema de guerrilha, “seja por falta de grana, falta de pessoal, estrutura ou logística”, e geralmente guarda seus filmes para inscrevê-los em festivais que exigem ineditismo. “Mas dessa vez os Clowns precisavam visualizar a coisa, por isso a decisão de lançar na internet. Mas nada impede de inscrever em festivais que não têm esse tipo de restrição”, adiantou. O diretor lembra que a guerrilha foi intensa durante a semana do festival “O mundo inteiro é um palco”, que reuniu grupos de teatro amigos dos Clowns de várias partes do Brasil na sede da trupe potiguar em Nova Descoberta e no anfiteatro do Campus da UFRN. “Quando a endorfina começou a correr no corpo a coisa engrenou, e me vi mimetizado com o ambiente. Corria para o palco, ia nos bastidores; queria pegar depoimentos e, ao mesmo tempo, saber o que estava acontecendo na fila. O processo ajuda muito quando há entrega e um ‘filme-ensaio’ se alimenta do acaso”, diz Carito, que também fez a fotografia e captou o som direto. Até então, Eli Santos, autor do curta premiado “Fala comigo”, ainda não estava envolvido no projeto. Carito conhecia o trabalho de Eli Santos apenas como espectador, e se identificou com o curta-metragem do novo parceiro: “Curti a maneira como ele montou ‘Fala comigo’. Tenho alguns parceiros fixos (Joca Soares e Júlio Castro) e quis ampliar as possibilidades”. Carito co-assina com Joca Soares os curtas metragens “Noturnos”, “Objetos Cortantes” e “Operação Plástica” - todos disponíveis para assistir pela internet. No filme-ensaio, há depoimentos dos próprios Clowns, colaboradores, artistas de outras áreas que participaram do festival, atores e diretores convidados. Entre eles a cantora Ângela Castro, da banda Rosa de Pedra; Gabriel Villela, diretor do grupo mineiro Galpão; o ator Rodrigo Bico; Pablo Pinheiro, fotógrafo; a atriz Quitéria Kelly; o encenador Ricardo Canella; o músico Roberto Taufic e a produtora Tatiane Fernandes. Alex Régis Eli Santos e Carito Cavalcanti realizaram o filme O mundo inteiro é um palco, do festival homônimo, em homenagem ao grupo teatral Clows de Shakepeare O filme-ensaio teve apoio do estúdio Sucesso e da produtora Énoisy, e conta com distribuição do combo Mudernage. A trilha original do filme é de Marco França, ator e diretor musical dos Clowns. Interferência Poeta-elétrico e compositor, Carito Cavalcanti lembrou que certa vez, durante um curso com o cineasta paulista Rogério Correia, ouviu que o montador é “bem dizer” o co-autor de um filme: “Para termos uma ideia da importância da edição, muitos diretores, no Brasil ou em Hollywood, param um projeto quando determinado montador com quem está acostumado a trabalhar está ocupado”, explica. A identificação gerou confiança, cumplicidade entre a da dupla, detalhe que justifica o interesse de Carito na co-autoria. “Peguei todo esse material captado, fiz o roteiro, decupei as cenas, e dei total liberdade para o Eli montar e interferir no conceito. Na verdade, fiz questão dele interferir”, garante. Cineterapia A relação audiovisual de Carito com os Clowns de Shakespeare vem de antes de “O mundo inteiro é um palco”: ele passou praticamente o ano de 2013 na cola do grupo, acompanhando turnês e apresentações pelo Brasil e exterior. “Os Clowns queriam um registro elaborado, e também poético, para marcar esses 20 anos. Então embarquei com eles nessa, fui entendendo aquela coisa do artista por trás da obra, o lado mais humano. Ainda não sei se esse material virar um longa ou um curta, tenho conteúdo suficiente”, informa. O lançamento desse doc-road movie ainda não tem data prevista. Durante as viagens que fez com a trupe pelo Mato Grosso, Maranhão, Piauí, Alagoas, Sergipe e Portugal, Carito procurou registrar não só as apresentações e os momentos coletivos, como mergulhou na individualidade dos integrantes – incluindo o pessoal que trabalha nos bastidores. “Registrei depoimentos nos moldes do filme ‘Quarto 666’ (1982), de Wim Wenders, ao lançar perguntas e deixar para que respondessem sozinhos em frente à câmera. Uma espécie de ‘cineterapia’”. http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/caleidoscopio-cinematografico/274364

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