Por Gláucia Grigolo
Novamente Gabriel Villela une-se ao Grupo Galpão para mais um projeto ousado e encantador. A parceria teve início nos anos 1990, com a montagem de Romeu e Julieta(1992), que se tornou um marco no teatro brasileiro. Depois veio A Rua da Amargura(1994). Os Gigantes da Montanha,que estreou no ano passado, é o mais recente trabalho do grupo mineiro, que pelas mãos do diretor (também mineiro) traz à cena o texto do italiano Luigi Pirandello.
A presença do grupo na programação do Festival Isnard Azevedo não é novidade. O público de Florianópolis já teve oportunidade de ver outros espetáculos em edições anteriores. Desta vez, os Gigantes estavam no palco do Teatro Ademir Rosa diante de uma plateia lotada e curiosa.
LEIA OUTRAS CRÍTICAS
“História do Comunismo Contada aos Doentes Mentais”, por Antônio Cunha
Discriminação e anti-humor – “A história do comunismo…”, por Elenira Vilela
“Nina, o monstro e o coração perdido”, por Marisa Naspolini
“Subo para não esquecer o que de baixo já não consigo ver”, por Lau Santos
Discriminação e anti-humor – “A história do comunismo…”, por Elenira Vilela
“Nina, o monstro e o coração perdido”, por Marisa Naspolini
“Subo para não esquecer o que de baixo já não consigo ver”, por Lau Santos
Fala-se de teatro fazendo teatro. Uma companhia teatral decadente chega a uma vila cheia de fantasmas e pessoas estranhas que vivem no mundo da utopia. É através da linguagem metateatral que o grupo conta a Fábula do Filho Trocado e outras histórias, embaladas por canções italianas muito bem executadas pelos próprios atores. Aliás, o rigoroso trabalho musical do grupo sempre é encantador, uma característica marcante na trajetória do Galpão.
A Condessa Ilse, personagem principal, tem o desejo de que a Fábula seja encenada para o grande público. Como não há muita gente na Vila, o governador/mago Cotrone sugere que a peça seja feita para os gigantes da montanha. Mas alerta que o povo vizinho não é muito apreciador de arte. Sendo assim, a peça torna-se também metafórica e crítica: quem são os gigantes senão nós, o público que assiste a uma peça dentro da peça? Qual é o lugar do teatro no mundo e o que ele tem a dizer?
Pirandello deixou a obra inacabada, não escreveu o último ato. Em cena, os atores representam o final da peça apropriando-se de um gramelot (língua inventada), fazendo alusão ao que Pirandello teria contado ao filho Stefano sobre o final. E chamam a atenção sobre a importância que a arte e a poesia tem na vida das pessoas: precisamos dos poetas para dar coerência aos sonhos… O ser humano inventa verdades, mas não há sonho mais absurdo do que essa nossa realidade.
Em tempos de dura realidade na cena política e cultural brasileira, quem vai dar coerência aos nossos sonhos?
Ilha de Santa Catarina, 22 de outubro de 2014.
Gláucia Grigolo é atriz e produtora cultural (glaucia.grigolo@gmail.com)
Explosão de cores, texturas e expressões
O repórter fotográfico do Diário Catarinense Marco Favero registrou em fotos a apresentação dos Gigantes da Montanha no Teatro Ademir Rosa. Confira:
Nenhum comentário:
Postar um comentário