Entretenimento
Grupo Galpão traz os versos eruditos de Pirandello ao pátio do municipal
Doze atores em busca da melhor homenagem a um autor. Para reverenciar o dramaturgo italiano Luigi Pirandello (1867-1936), o Grupo Galpão, coletivo de teatro de Belo Horizonte que se apresenta amanhã em Uberlândia, foi buscar na peça “Os gigantes da montanha” – e não em “Seis personagens à procura de um autor”, o texto mais famoso do italiano – os elementos que fizessem jus à obra de Pirandello, conhecido por instigar questionamentos sobre o fazer teatral e tudo o que compõem a arte cênica.
Depois de montagens com textos do russo Anton Tchekhov (1860-1904), o coletivo teatral se propôs a levar os versos eruditos de Pirandello para a rua. “Os gigantes da montanha” estreou em Belo Horizonte em maio deste ano. Segundo o ator Eduardo Moreira, um dos fundadores do Galpão, conduzir a peça para fora dos limites do palco italiano é mais um desafio para os atores. “Já estudamos muito e fizemos alguns exercícios a partir de textos de Pirandello, que representa o auge da escrita poética para o teatro. Mas não tivemos, até a montagem atual, a oportunidade de levar uma peça do autor para a rua”, disse Moreira.
Nascido em novembro de 1982, com a encenação de “E a noiva não quer casar” na Praça do Papa, em Belo Horizonte, o Galpão que chega a Uberlândia traz três atores da formação original do coletivo: Antonio Edson, Eduardo Moreira e Teuda Bara.
Com “Os gigantes da montanha”, a companhia retoma a parceria com Gabriel Villela, que assinou a direção dos espetáculos “Romeu e Julieta” (1992) e “A rua da amargura” (1994). O diretor e o coletivo usam a música, tocada e cantada ao vivo pelos atores, como elemento essencial na tradução da fábula italiana para o teatro popular de rua.
Amanhã, o pátio do Teatro Municipal de Uberlândia será tomado por mesas, objetos, armários e cadeiras que, construídos com madeira de demolição, movimentam-se com o intuito cenográfico de caracterizar a atmosfera de sonho da fábula de Pirandello.
HISTÓRIA SEM FIM
Vítima de pneumonia, o dramaturgo italiano Luigi Pirandello morreu em 1936, sem concluir a peça “Os gigantes da montanha”, escrita em dois atos. Diz-se, no meio teatral, que Pirandello teria relatado o final da obra para o filho Stefano. O fascínio de montar essa fábula incompleta instiga o Grupo Galpão, que se apresenta amanhã em Uberlândia. “‘Os gigantes da montanha’ é uma obra aberta, cujo final foi pensado pelo autor, mas os diálogos não chegaram a ser escritos. Por isso, é uma peça que nos possibilita diversas interpretações”, disse Eduardo Moreira, ator e um dos fundadores do Galpão.
Pirandello nasceu em Agrigento, cidade da Sicília italiana, em 1867. O dramaturgo chegou a considerar o teatro uma atividade menos importante, se comparada com a sua condição de poeta, romancista e contista. Porém, foi como teatrólogo que Pirandello teve reconhecimento, devido às peças “Henrique IV” e “Seis personagens à procura de um autor”.
Em 1934, dois anos antes de morrer, Pirandello ganhou o Prêmio Nobel de Literatura, pela renovação na escrita e os questionamentos sobre a arte cênica.
Espetáculo provoca discussão sobre o lugar da arte
O texto de “Os gigantes da montanha” narra a chegada de uma companhia teatral decadente a uma vila isolada do mundo, cheia de encantos, governada pelo mago Cotrone. A trupe de mambembes encontra-se em profundo declínio e miséria, por obsessão de sua primeira atriz, a condessa Ilse, em montar “A Fábula do filho trocado”. O mago Cotrone começa a construir os fantasmas dos personagens que faltam para a companhia montar a peça. Ele convida os atores a permanecerem para sempre na vila, para encenarem a fábula apenas para si mesmos. Ilse, no entanto, insiste que a obra deve viver entre os homens, sendo representada para o público. A solução encontrada pelos atores – encenar a fábula para os gigantes da montanha – resulta no desfecho trágico para o povo que vive próximo à vila.
“Os gigantes da montanha” é uma peça reconhecida por provocar a discussão sobre o lugar da arte e da poesia num mundo dominado pelo pragmatismo e pela técnica.
SERVIÇO
O Grupo Galpão encena “Os Gigantes da Montanha” amanhã (16), às 19h, no pátio do Teatro Municipal de Uberlândia (avenida Rondon Pacheco, 7.070, Tibery). Entrada franca. Duração: 1h20.
O Grupo Galpão encena “Os Gigantes da Montanha” amanhã (16), às 19h, no pátio do Teatro Municipal de Uberlândia (avenida Rondon Pacheco, 7.070, Tibery). Entrada franca. Duração: 1h20.
http://www.correiodeuberlandia.com.br/entretenimento/grupo-galpao-traz-os-versos-eruditos-de-pirandello-ao-patio-do-municipal/
Nenhum comentário:
Postar um comentário